quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Claro: é Natal
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 24.12.2014)

Estava em um culto inter-religioso no Tribunal de Contas do Estado, em ação digna de ser seguida por gestores públicos,quando o meu amigo Inaldo Paixão, presidente da Casa, exortou de forma verdadeira a todos ao amor. Momentos antes, amigos celebrantes fizeram alusão ao meu último artigo aqui neste prestigioso espaço, agregando compreensão de que realmente as repartições públicas não podem ser púlpito de proselitismo de uma única religião. A prefeitura de Salvador inclusive também falha neste sentido. Pessoas de má-fé, poucas, se posicionaram que eu era contra missa, mas os de sentimentos cristãos ponderaram pela sensatez.

Mas voltando ao conselheiro Inaldo, naquele momento me perguntei: O que se pode falar sobre o Natal sem ser piegas, nem se apoiar em demagogia religiosa? Condenar o consumismo, mas que só a boca fala, porquanto o bolso se abre? Não. Faz parte. Censurar as mesas lautas, as casas enfeitadas? Penso que não, é tradição. Já sei, falar do autoperdão, do autoamor.

O perdão que oferecemos a nós mesmos, para que não fiquemos presos a um momento de insensatez, que pode ter levado a vida a um turbilhão de consequências horríveis. Assumi,sim, as consequências, mas seguir adiante na tentativa de ser melhor. O autoamor, que nada tem a ver com egoísmo, é proposta de Cristo "amar o próximo como a si mesmo", ou seja, a condição de amar o outro é de se amar, buscando seus sonhos, realizações, compreendendo que pessoa ou coisa alguma faz alguém feliz. A felicidade é obra pessoal, sobre você, pois só assim será real.

Assim, penso que Natal é tudo isto: presente, confraternização, ceias, mas também compreensão de começar a fazer o seu melhor, para ser melhor. Jesus nos deu o ideal, mas vamos no possível das nossas condições humanas.

Feliz Natal às vezes me parece apenas pró-forma, sem conteúdo, mas se ele implica em ser mais humano, justo, reconhecendo sua humanidade e limitações, mas sem perder a meta de possível paz... Desejo a todos.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Gestores Públicos
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 10.12.2014)

Mais um ano chega ao final, as comemorações surgem por todos os lados. As confraternizações espocam em empresas privadas e públicas, muitas, nem sempre, com real sentido, mas isto é uma outra questão. Quero, no entanto, aqui, falar da laicidade do Brasil, onde desde o advento da Constituição Federal de 1988 não há mais uma religião oficial do Estado. Causa-me, consequentemente, estranheza e espanto ao ver por aí afora órgãos públicos encerrando suas atividades, ou se confraternizando com os servidores em efemérides de final de ano com uma missa. 

Nada contra a missa em si, inclusive estou me programando para assistir a uma ministrada pelo meu pessoal amigo padre Luís Simões, da Vitória. Reporto-me às realizadas em órgãos públicos. Por obviedade, se é da União, e esta é laica, nada mais natural que o culto religioso seja geral, não o específico do seu gestor. Entendo que seja no mínimo uma velada imposição de crença, sem qualquer sentido cidadão.

Não me refiro de forma exclusiva à missa, repito, mas a qualquer manifestação religiosa que não seja ecumênica ou interreligiosa, como preferir o leitor, como forma de respeito a todas as crenças existentes no corpo funcional da empresa, como o próprio nome remete: pública. A confraternização cristã, entendo, nasce desde esse momento de escolha, em respeito pela diversidade.

Geralmente, os servidores são conduzidos a acompanhar as missas, mesmo não sendo católicos, em razão do receio de serem mal vistos, principalmente se ocupam cargos de confiança. Se não um culto comum, que se faça uma semana de confraternização, envolvendo todos os segmentos, cada um em seu dia, permitindo, assim, inclusive, que os ateus também se sintam à vontade para não ir à celebração alguma. Isso é democrático.

Vemos dessa forma que os gestores públicos ainda não entenderam que deve haver restrições às suas ações na condução do órgão, considerando que as empresas não são suas, particulares. Celebremos, ora, o plural.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sobre o filme Irmã Dulce
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 26.11.2014)

Irmã Dulce, um espírito de tamanha envergadura moral, crescido no amor e na caridade, merece todas homenagens que lhe fizerem, não para o seu  engrandecimento pessoal, ela nunca disso precisou, mas para nós, que vivemos dias desesperançosos diante da aridez dos corações humanos. Assim, exultei ao saber da concretização desse sonho, pois fui acompanhando essa materialização. Infelizmente, por outro lado, não vi nos que conduziram o projeto o tão marcante "Deus lhe pague", do nosso Anjo Bom da Bahia, a duas sonhadoras desse tento. Digo isso porque acompanhei toda a saga para a realização desse projeto: 

Tudo se iniciou quando minha amiga Ivanoy Couto, devota da Irmã, me relatou uma visão que teve com a santa, durante enfermidade de sua genitora, o que a despertou para escrever a respeito da freira. Pronto, as raízes de um ideal despontam. 

Ivanoy sonha, literalmente, assistindo ao filme. Seus textos chegam às mãos de Cláudio Pereira, sócio de Walter Salles, produtor de filmes. 

Em julho passado, Ivanoy, estimulada pela inspiração e tocada pelas forças superiores do universo, escreve a Roberto Carlos – este mesmo, o cantor. Uma prima, moradora do mesmo prédio, faz com que o rei receba a missiva. E o universo continua coma conspiração: dias depois Myrian Rios vai à casa de sua prima e toma conhecimento da carta e começa também a trabalhar pelo projeto.Myrian entra em contato com Ivanoy e ambas se reúnem com o produtor Bruno Wainer, diretor da Downtown Filmes. Ivanoy faz a ponte entre a presidente das Obras Sociais Irmã Dulce, Maria Rita, e Myrian Rios. Por fim, tudo fluiu, acertaram que a Iafa Britz produziria o filme. 

Chegou ao que intenciono: Ivanoy Couto e Myrian Rios foram tristemente ignoradas do processo, não que buscassem aplausos, mas senti que elas não receberam como deveriam o “Deus lhe pague”, pois foi da iniciativa desses corações que esse lindo filme chegou até nós. É isso, gratidão também é justiça que se faz, aprendi com uma amiga.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Manet


Disse-me Manet quando terminou está obra por mim: 'O Sol realça a beleza das flores , como o sorriso clareia a face da vida. '.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Realmente, não entendo. 


Hoje é o dia Nacional da Consciência Negra e não entendo porque os conservadores espíritas, principalmente dos órgãos oficiais, não fazem uma referência sequer, nada. Não há uma nota, artigo nos jornais, nota pública...nada. Realmente não entendo, já que o Espiritismo defende a igualdade entre todos. Lamentável. É muito fechado em si mesmo. O próprio encontro que farão no próximo final de semana traz o tema Vivendo o Evangelho em Comunidade Espírita. Poxa, por que não vivendo na sociedade? Por que apenas uma reflexão na comunidade espírita? Ainda existem centros que não aceitam comunicação de espíritos que foram escravos, índios...Puro preconceito. Não quer dizer que venham aceitar tudo que eles façam, mas dar oportunidade até para ouvir seus relatos, seus desabafos...Zumbi há dezenas de anos é o protetor , guardião da Cidade da Luz. Viva esses espíritos de luta, aguerridos e cheios de sabedoria.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Armadilhas do Facebook
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 12.11.2014)

O axioma grego "homem, conhece a ti mesmo" sempre foi muito citado e proclamado. Ele se encontrava inscrito no templo de Apolo, em Delfos, e há séculos nos faz alarde acerca da necessidade de devassarmos o nosso íntimo, como forma de realmente conhecermos os nossos motes para ações, palavras, sentimentos. Lamentavelmente, no entanto, estamos a cada dia menos entusiasmados para essa incursão, uma vez que se torna, em diversos momentos, muito desconfortável revirarmos o nosso emaranhado do que somos, confrontando a realidade de nossos sentir e agir.

Nesse caminho, para melhor encontrarmos razões para muitas das agressividades que vemos nas redes sociais, um estudo realizado pela Universidade Humboldt em conjunto com a Universidade Técnica de Darmstadt, ambas na Alemanha, encontrou uma inveja desenfreada nos usuários do Facebook, a maior rede social do mundo.

Os pesquisadores descobriram que uma em cada cinco pessoas ouvidas na pesquisa aponta o Facebook como a origem de sua experiência de inveja. Um bilhão de pessoas, um sétimo da população mundial, participam dessa rede social. As pessoas, segundo a pesquisa, passam mais tempo verificando o que é postado por  amigos que parecem ser mais felizes e aproveitam melhor a vida. Assim, surge o sentimento de vazio, de solidão: a não felicidade, pois os amigos passam em imagens, fotos a ideia de serem mais de bem com a vida.

A tudo isso se funda uma realidade na onda do virtual que não guarda necessariamente – todos sabem, mas não consideram – ressonância coma verdade factual. A vida passa a ser ditada de forma mais intensa pela ilusão do que se diz, posta-se sem qualquer critério de análise, de observação e ou mesmo checagem. 

Aqui falo de tudo tomado como verdade, em um risco sem tamanho de sermos engolidos por mentiras, calúnias ou a própria inveja que, muitas vezes, tenta desconstruir pessoas, ações, simplesmente por não caber (ao invejoso) a percepção do brilho de sucesso do outro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Servidores Públicos
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 29.10.2014)

Ontem foi “comemorado” o dia do servidor público, em verdade deveria ser um dia de luto, posto que estamos vendo os direitos dos servidores federais, dos quais sou um dos seus membros, serem assacados ano após ano, sem que haja um real interesse por parte da maioria dos gestores-administradores a esta classe que carrega injustamente a pecha de encostada, que ganha muito e pouco trabalha, mas que em verdade é que faz toda a máquina do governo caminhar.

Vivemos épocas atuais, e aqui falo pela experiência que vejo na Justiça do Trabalho, onde sirvo há 33 anos, onde se criam metas a serem batidas, cumpridas, em total desequilíbrio com o humanamente possível, onde dezenas de servidores têm se afastado com estresse, doenças ocupacionais de toda ordem e, aqui e ali, licenças por uso de ansiolíticos.Tudo por estatística. Vejo, nessa Justiça a que sirvo, colegas trabalhando penosamente para uma prestação jurisdicional honrada, sem escândalos, mas que não se vê reconhecida como deveria. Como se não bastasse, estamos vendo, nestes dias, os dirigentes dos tribunais, por toda parte, baixando portarias, normas, apenando os servidores no seu direito de greve, constitucional, ainda que não regulamentado, seguramente, não por nossa culpa, servidores, mas pela leniente condução das demandas funcionais pela maior Corte do país, associada ao Legislativo nacional, mero protocolador dos ditames do Executivo.

Sei que há magistrados em todos os escalões que aderem às reivindicações dos servidores, mas ainda sentimos necessidade de um posicionamento mais peremptório. De outro lado, a nossa representação sindical precisa ser mais aguerrida e não viver querendo um trampolim para a política partidária. O interesse coletivo precisa estar à frente do pessoal e de grupos.


Assim, não há grandes motivos para comemorações, mas de respeito, sim, e falo do Judiciário Federal, pois a ele sirvo e testemunho a honradez dos seus servidores e a sua dedicação à causa pública.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014


Estava demorando

Pois é, já começaram a pôr amarras no papa Francisco... esses conservadores se vê em todos os lugares... como eu os conheço do Espiritismo. Lamentável, mas...

"Vaticano fez mudanças cruciais na tradução em inglês de passagens sobre homossexualidade em um documento polarizador nesta quinta-feira, amenizando uma mensagem que vinha sendo vista como uma grande mudança de tom em relação aos gays.

As alterações sinalizaram as tensões vivas entre bispos conservadores e progressistas na assembleia a portas fechadas, conhecida como sínodo, na qual se debatem temas voltados à família como homossexualidade, divórcio e controle de natalidade.

Entre as mudanças estão a substituição da frase "acolher estas pessoas (homossexuais)" pela nova versão "prover para estas pessoas".

A palavra "fraternal" em uma passagem que clamava a necessidade de “um espaço fraternal” para homossexuais na Igreja foi apagada da tradução do italiano para o inglês sem explicação.

O documento provisório emitido na segunda-feira, meio termo do sínodo de duas semanas com cerca de 200 bispos de todo o mundo, foi saudado por grupos de direitos gays e progressistas da Igreja como um avanço, mas causou o repúdio dos conservadores. (Notícias Terra)".

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Preconceito e igualdade
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 15.10.2014)

Anualmente sou convidado pelo Arthur Findlay College, de onde acabei de chegar – Inglaterra –, college for the advancement of psychic, como eles se intitulam (faculdade para o avanço psíquico), onde realizo palestras e trabalhos de pintura mediúnica. Não se trata de instituição espírita, pois o espiritismo na Europa é desenvolvido, de um modo geral, por denotados brasileiros que se esforçam pela propagação da ideia, mas, infelizmente, não há ressonância. Os nativos não se interessam por conhecê-lo, estudá-lo. Nessas minhas viagens, há sempre um interesse, mesmo que em perguntas particulares, sobre as crianças e o uso do crack no Brasil. Ao lado desse aspecto específico, também há curiosidade sobre a ação do Estado brasileiro diante dos imperativos educacionais da infância e da juventude, pelo menos por onde passo. A visão sobre o Brasil lá fora é ainda muito ruim. Concebem-nos como mal-educados e sem instrução, ao lado do uso de drogas, sexo fácil, violência e desmandos públicos.

Nesse momento de eleição presidencial, onde se estimulam, lamentavelmente, o separativismo entre Nordeste, Norte e o Sudeste e Sul, gerando uma nociva onda de preconceito, somos levados a concluir que realmente há uma discrepância na condução educacional de uns e outros. Não podemos nos ensimesmar, tomando como ofensa pessoal a diferença que existe, pois ela é real, ainda que devamos protestar contra essas discriminações. O fato, no entanto, gostemos ou não, é que para a ONU e o seu famoso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ao lado do da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro – Firjan, que considera o avanço socioeconômico dos 5.565 municípios brasileiros em três áreas: emprego e renda, educação e saúde. O resultado é que as primeiras 45 cidades em qualidade dos aspectos abordados são todas do Sul e Sudeste, com exceção de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Devemos, sim, buscar o esforço de igualdade, cobrando dos governantes o que é da sua obrigação.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Foi o óbvio, mas é um avanço

Depois de uma semana de discussões, o Sínodo dos Bispos, convocado pelo papa Francisco e dedicado à família, apresentou um documento que ressalta que os homossexuais “têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã” e que a Igreja deve ser para eles “uma casa acolhedora”, embora seja contra a união de pessoas do mesmo sexo. É um avanço, sem dúvidas, ainda que se proclamou o óbvio, sem qualquer favor, pois não se trata de seres humanos abjetos, mas pessoas como quaisquer outras, e o mínimo que se espera de uma vivência verdadeiramente cristã é o acolhimento, claro. 

Onde Jesus condenou? Apenas os hipócritas e fariseus, chamando-os de sepulcros caiados, bonitinhos por fora e podres por dentro, ou seja: os falsos e dissimulados religiosos, que encontramos por todos os lados e religiões. É uma mudança de atitude católica, se sai um pouco debaixo de um manto de pura hipocrisia, pois há muitos homossexuais nas fileiras clericais, para começar um novo caminho... admiro o papa Francisco, realmente é um iluminado. Há muito ainda por se reconhecer, não por se conquistar.



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Não dá, desistimos
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 01.10.2014)

Não sei se é verdade ou mentira, produto do momento eleitoral, ou não, mas realmente a nós que realizamos, por ideal, trabalho social sério, onde a luta para a conquista de míseros reais é hercúlea, saber de escândalos envolvendo dinheiro público, como o do tal Instituto Brasil, é uma agressão na alma. As cifras sempre astronômicas. À guisa de informação: um abrigo (orfanato) que mantém cerca de 40 crianças recebe de recurso público não mais que R$ 120 mil por ano, isto: por ano, e vermos a suspeita de o nosso dinheiro público ser jogado na vala da corrupção é de deprimir. Claro, os políticos vêm a público pedir investigações severas. Você, leitor, lembra do escândalo da Pierre Bourdieu, envolvendo a Secretaria de Educação do Município, na gestão de João Henrique, pois é. Em que deu, eram muitos milhões?

Nós que conduzimos instituições sérias – no caso da Cidade da Luz todos os diretores somos voluntários, nada ganhamos pela atividade no bem – só amargamos obrigações, imposições verticalizadas de burocratas e técnicos "doutores". Recentemente, veio uma determinação do Ministério do Desenvolvimento Social impondo restrições aos abrigos. A fim de aumentar a per capita, teremos que abrigar no máximo 20 crianças, mesmo que o espaço comporte confortavelmente mais de 40; e mais: a obrigação de assumir, quando encaminhados, irmãos que podem ter de 0 a 17 anos, fugindo, como é o nosso caso, ao perfil que temos de recepção, que é de 2 a 9 anos.Agora, se assinássemos o protocolo de mudança, o que não fizemos, teríamos a obrigação de receber rapazes de até 17 anos, ou seja, quase homens para os dias atuais, mesmo tendo meninas, mocinhas com 13, 14 anos vivendo no abrigo.

Somos referências na ação séria, comprometida, aí estão o Juizado da Infância e Juventude e o Ministério Público para afirmarem ou não. Eles têm realizado um grande trabalho, mas o poder é político e geralmente cheio de teóricos que fogem à realidade da nossa experiência. Desistimos.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Obras de Gauguin e Berthe com os meus votos de uma Primavera cheia de flores para vocês. Estarei viajando atendendo convites do Arthur Findlay College e das Igrejas espiritualistas da Grã-Bretanha. No possível vou postando alguma coisa por aqui. Até. (Ampliem e vejam a abordagem do vaso em si de Gauguin).





"Seja você a mudança que quer ver no mundo" (Mahatma Gandhi)
Medrado citou em sua palestra a frase de Gandhi e corroborou dizendo: "As pessoas percebem que quando o campo energético é saturado, no melhor dos sentidos, com ações mobilizadoras, com pensamentos enriquecedores, com sorriso, com alegria, ele vai se projetar com leveza, vai se desdobrar contagiando e isso faz uma verdadeira corrente invisível de sensibilização e as pessoas do entorno vão sendo envolvidas.



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Política e Educação 
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 17/09/2014)

Se, de fato, a educação é o caminho para o avanço de uma sociedade, na conquista de um país mais equânime, segundo estudos de toda natureza, por que o Brasil nunca realmente se lançou a este processo, seguindo países que se tornaram grandes potências exatamente por conta desta senda? Aqui e ali sempre ouvimos que a ignorância do povo favorece a cena do ilusionismo dos políticos, em manutenção perpétua do seu malabarismo verbal para iludir, do contorcionismo moral para suas alianças e conchavos, pois para a maioria o que vale é ganhar.

Nesse vale-tudo, o mundo cão sai de alguns programas com certa audiência e vai para o horário político, em espetáculo de engodo e agressões. Os fins justificam os meios. Lá atrás muitos dos admiradores de Lula desferiam a sua ira contra Regina Duarte que dizia ter medo do que pudesse acontecer com o Brasil, sendo Lula presidente. Collor foi menos que rasteiro ao apresentar uma ex-namorada de Lula que falou sobre o pedido de aborto feito pelo líder sindicalista. O que mudou? Nada, ou melhor, os atores das cenas.

Aposta-se no eleitorado fanático de todos os lados, que, movido pela paixão, sem reflexão, nunca vê nada de equivocado ou falacioso em seus candidatos, sejam eles de que tendência for. Nesse sentido, ação combatida ontem surge como objeto de convencimento hoje, como camaleões não guardam ideais, mas a sanha de vencer a todo custo. Alguém já disse que somente através de uma mudança cultural real, não demagógica, inserindo nas grades curriculares um sistema educacional sem peias, que ensine a importância da política na vida do povo e orientando as crianças que votar é praticar a plenitude da cidadania, para o bem geral e comum, conscientizando para o pleno exercício do ser cidadão. Dessa forma, passaremos realmente a ser uma democracia representativa, onde a consciência será o mote do voto, não o interesse imediato, realçado pelas chantagens de marqueteiros escalados para moldarem sonhos e ilusões.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sucesso e Inveja 
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 03/09/2014)

Um amigo me ligou reportando que se o Supremo Tribunal Federal propôs na última quinta, 28, um projeto de lei para aumentar os salários dos ministros da Corte, nós, servidores do judiciário, iríamos "nos dar bem". Esse projeto em nada beneficia o servidor do judiciário federal, que fique claro.

O Poder Executivo apresentou ao Congresso Nacional o texto do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) para 2015 sem previsão de recursos para o reajuste dos servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União (MPU). Só na sexta que o STF protocolou, na Câmara dos Deputados, um novo projeto de lei que contém a reposição salarial dos servidores do judiciário. Naturalmente não haverá o mesmo interesse de se viabilizar, como será o dos ministros. É uma luta desigual. Mas o que percebi foi talvez uma velada inveja. Será verdade ou folclore que o brasileiro se incomoda com o sucesso do outro? "Fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal", afirmou Tom Jobim.

Procuro estudar o comportamento humano e sempre me pergunto sobre essa questão. Já fui alvo de situações que me levaram a acreditar na possibilidade. O antropólogo Roberto DaMatta, em seu livro Crônicas da vida e da morte, trata de vários assuntos, entre eles a inveja. E afirma, ipsis litteris: “A inveja é um sentimento básico no Brasil. Está para nascer um brasileiro sem inveja. A coisa é tão forte que falamos em ‘ter’, em vez de ‘sentir’ inveja.Outros seres humanos e povos sentem inveja (um sentimento entre tantos outros), mas nós somos por ela possuídos. Tomados pela conjunção perversa e humana do ódio e do desgosto, promovida justamente pelo sucesso alheio".

É possível que você, caro leitor, esteja agora se excluindo dessa taxativa afirmação, mas seguramente vai lembrar de algum ato de inveja que sofreu. Mas será mesmo uma verdade: colecionamos, a depender do grau de exposição e ou sucesso, incômodos, desconfortos e ciúmes de toda natureza por tudo que conquistamos e trabalhamos?

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Destino ou fatalidade? 
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 20/08/2014)

A morte de Eduardo Campos chocou o país, mais uma vez a perplexidade recai sobre o inexorável da vida: o morrer. Neste momento, cada um externa os seus simbolismos, representações e interpretações acerca da morte muito particularmente, geralmente carregados de vivência, experiências, religião... e neste último aspecto enxameiam de questionamentos o público, de um modo geral, se foi fatalidade ou destino, uma vez que, defendem muitos, nada acontece por acaso? 

O certo é que vivemos em um mundo onde estamos sujeitos a tudo a qualquer momento, logo é verdade que nada acontece por acaso, não por fatalismo, ou destino, mas por propensão de ambiência. Não há de se falar em destino, como algo pré-estabelecido, uma vez que não somos marionetes em mãos de sei lá quem para o que for. O estar neste mundo envolve riscos, escolhas, com consequências de perdas e ganhos. Nesta vida, cada decisão nos leva a determinadas vitórias e ou fracassos, expondo-nos a situações de perigo em determinadas direções mais do que em outras. 

O mundo ocidental transformou a morte em tabu, onde ela não pode fazer parte das conversas, é preciso evitar o desconforto da certeza da finitude biológica. O medo vira pânico, pois sobrevém a certeza de que tudo é passageiro, absolutamente tudo. "Enquanto os homens exercem seus podres poderes" por toda parte e lados, desde o núcleo familiar até os cimos dos que se julgam condutores de vidas, sem a compreensão de que nada é para sempre, a ideia de morte ainda vai trazer o vazio da angústia, da aflição de um dia deixar de ser, na razão direta da ilusão de que somos o que temos, ou aparentamos ter, em uma guerra exaustiva de apenas satisfazer desejos, de sobrepor uns aos outros por força dos papeis que exercemos no momento.

Tenhamos a certeza que tudo é um ciclo: viver e morrer, então vivamos cada vez mais alargando o sentido de nossa vida, não deixando para arrumar a mala no último hausto do existir, pois nunca se sabe quando será.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sentimento virtual 
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 06/08/2014)

Após o último artigo que escrevi aqui sobre o excesso da comunicação virtual, inclusive com as pessoas presentes na mesma casa, recebi alguns e-mails com situações inusitadas dentro deste contexto. Então me pus a observar.

Publiquei um pequeno texto em uma das redes sociais e fiquei surpreso com as centenas de pessoas que opinaram e compartilharam favoravelmente. Ou seja, está, de fato, havendo um incômodo do excessivo viver virtual. Eu relatava que almoçava em um shopping e me chamaram a atenção as pessoas no entorno que, nas mesas, comiam e, ao mesmo tempo, digitavam um, dois até três celulares... nem olhavam para o prato. Fui então prestando atenção mais e mais aos que passavam... caminhavam digitando, desciam escada, alguns sozinhos, outros em grupo e sempre digitando nos seus smartphones... não olhavam nada em volta. As pessoas estão perdendo o prazer das coisas simples da vida, para estarem mais alertas e ansiosas aos apitos das postagens nas redes sociais.

Não sou concorde, claro, com o que disse Chaplin no seu célebre discurso em O último ditador de que, "mais do que máquinas, precisamos de humanidade". De forma alguma, seria tentar reter o inexorável, mas por que não associamos as possibilidades digitais para realmente sermos mais próximos? Por que a tecnologia tem que ser excludente da humanidade, substituindo o falar, o sentir por figuras? Por que precisamos ser possuídos e não possuir as tecnologias?

Recupere o prazer de estar com amigos pessoalmente. Não poste foto de comida, convide para comerem juntos. Não apenas compartilhe, mas vivencie a presença dos amigos, mesmo colegas de almoço, ainda que seja para falar abobrinha. Falar bobagens também pode dar prazer. Viva mais o seu em volta, prestando atenção às pessoas que passam, às formações das nuvens, à ressaca do mar... olhe mais para o mundo, para a vida e menos para o seu smartphone, pelo menos em determinados momentos. O seu celular pode estar sendo um perigoso vício.

domingo, 3 de agosto de 2014

O tal dia do amigo.
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 30/07/2014)

No último domingo meu celular apitou algumas vezes com mensagens de pessoas me desejando feliz dia do amigo, nem lembrava. Algumas mensagens de fato eram pessoais, outras eram apenas repetidoras do tal copiar e colar geral, que se faz nesses celulares, que eu não tenho a menor ideia de como é feito, mas é algo que vai para todo mundo que está na sua lista de telefone.
Apenas de valor protocolar. 

Aristóteles dizia que a amizade "é uma alma em dois corpos", mas notamos que esta alma parece que não anda muito a fim de se dividir. Nestes dias de redes sociais e celulares de última geração, as pessoas não têm se dado ao trabalho de buscar, de conversar, pois é um tal de curtir e compartilhar sem mesmo ter noção do que faz. O chavão é real: com tanta facilidade de se comunicar, as pessoas estão tão distantes.

Recentemente, estava em casa de uma amiga, onde o filho, do quarto, mandou um whatsapp informando que não iria jantar conosco. Eu observava, ela respondeu: “OK”. Tudo de uma forma tão natural, que me choquei comigo mesmo, pois para mim nada daquilo soava natural, ainda que muito tecnológico.

Será que de fato as emoções do século XXI só serão as passadas pelos aparelhos? Será que as pessoas se sentem felizes e preenchidas com essa forma nova de se relacionar? Essas ferramentas são ótimas, claro, mas penso que não substituem os apertos de mãos, os abraços, os beijos.

Essas figurinhas representativas de afetos e sentimentos, os tais "emoticons" não podem substituir uma palavra dita, uma emoção passada com verdade. Ou talvez eu é que esteja no passado, mas ainda penso que tudo pode ser usado, sem, no entanto, desprezar o contato, o real. 

A tecnologia talvez tenha nos tornado mais protocolares e cada vez menos amoráveis, pois o que vale será sempre o rápido, o instantâneo, pois não temos tempo a perder como pessoal. Ficamos no virtual, pois pode dissimular, inventar, mentir e não tem o olho no olho. Mas é isso: está sendo assim e continuará.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Inveja oculta.
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 09/07/2014)

Todos sabíamos que Neymar, como todo craque, seria perseguido em campo para evitar as suas jogadas desconcertantes e diferenciadas. Fiquei, no entanto, me perguntando se só seria por isso? Vi, então, o empurrão que o jogador camaronês deu no craque, de forma gratuita, sem qualquer lance com a bola. Ali tinha mais do que marcação: parecia raiva, talvez pelo que ele representasse de sucesso, brilho. Pergunto-me se não foi o mesmo com o colombiano? Ele foi no mínimo desleal. 

Postei minha opinião em uma rede social, houve milhares de manifestações e compartilhamentos. Alguns poucos disseram ser confronto normal de jogo, houve quem dissesse que Neymar mereceu e até quem achasse que eu devesse falar do acidente em Belo Horizonte e não o que aconteceu com um jogador rico, que teria o melhor tratamento possível. Como sempre, também, apareceram os evoluídos de plantão, pedindo que não julgássemos, que não isto, não aquilo...

Falta à nossa sociedade, entendo, pensar as suas próprias vísceras, a fim de se criar a cultura da análise avaliativa de tudo que está acontecendo no seu cerne, que se evidencia de forma óbvia ou não, pois é assim que se constroem
parâmetros de civilidade e condutas.

É fato, o brilho atrai a inveja, e ela pode gerar ciúme e raiva. Há a inveja estimulante, que inspira imitação. Mas há a inveja destrutiva que sempre vem acompanhada de sentimentos comparativos que atordoam o invejoso, e aí, na falta de autocensura, passa a valer tudo contra o seu alvo. No primeiro momento o invejoso difama, calunia e evidencia do que é capaz, mas quando a inveja se materializa surge a necessidade de eliminar o brilho incômodo do invejado.

E não se engane: a inveja pode estar entre familiares, amigos, colegas, pois, à medida que você faz mais sucesso, tem mais êxito, surgirão os inimigos espontâneos, querendo tirar o seu brilho, seja ele do tamanho que for. “O invejoso é um caçador, querendo abater o alvo da sua inveja”, para ter “paz” em seus incômodos.

sábado, 28 de junho de 2014

Apenas Teóricos.
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 25/06/2014)

Estava com um grupo de amigos conversando sobre os lamentáveis episódios do xingamento à presidente da república quando dois dos presentes omeçaram a falar das tais elites brancas, burguesas. Ouvi tudo, mas, inevitáveis, vieram à minha mente as vidas daqueles meus amigos: um, morador em uma cobertura e outro, em uma excelente casa em condomínio fechado. Naturalmente, merecidas conquistas, frutos dos seus trabalhos e lutas. É tão interessante, no entanto, essas ideologias não têm qualquer lastro de prática. São teóricos sem ação, a rotular os outros de elite, burgueses. 

Permita-me, leitor, antes que alguém também me rotule com o mesmo, registro orgulhoso que fui morador da Preguiça, lavador de carro na fonte dos padres, na Mauá, mas apostei na educação como forma de sair daquela situação. Hoje sou servidor federal, e fundei aos 17 anos, com amigos, a Cidade da Luz, que no ano passado fez mais de duzentos mil atendimentos sociais. 

Assim, acredito que falo com certa propriedade. Por isto, quando vejo discursos rotulados, cheios de efeitos verbais e sociais, mas seus autores vivem paradoxalmente em outra direção, acho esquisito. Fazem uma definição estrutural da sociedade meramente descritiva, teórica, levantando ideais para os outros realizarem.

Ora, em uma sociedade verdadeiramente livre, democrática, cada um busca o que necessita, com princípios, como recompensa de suas investidas nos estudos, no trabalho. Vejo nesses discursos as propagandas empoeiradas do século XIX, em um conjunto de ideias e crenças destinadas a construir efeitos de verdade, mas que serviram a alguns como degraus para o poder e a dominação, em uma espécie de legitimação messiânica.

Percebo, em verdade, uma perigosa tentativa divisionista social, como forma de gerar lados, em uma nação que deve primar, em valorização, pela sua origem e formação, por um sentido de unidade, e "a cada um segundo as suas obras", sem se perder no egoísmo, gerando realmente na prática o possível de igualdade.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Devagar, Risério.
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 11/06/2014)

Sou verdadeiramente admirador do escritor Antonio Risério, sua visão arguta de acontecimentos e fatos históricos não guarda qualquer paralelo como senso comum. Sou levado, no entanto, por natureza não omissa, a discordar do seu artigo do último sábado, onde, com o título "Em defesa dos vândalos", ele se propõe a uma comparação de valores de ação entre o que os vândalos fazem e o que o pessoal de colarinho branco faz. Não incita desordem, mas faz escala de valores. Em determinado momento até afirma que "queimar um ônibus não é nada, em comparação com as matas incendiadas pelo agronegócio." Não penso, por outro lado, que se pode compensar crimes, em classificação comparativa, tendo por cobertura resultado de prejuízos. A linha de raciocínio do ilustre pensador caminha por terreno perigoso, posto que vivemos em sociedade e, em verdade, as pessoas já se permitem, dentro deste entendimento, que, se alguém faz, elas também podem fazer.

Uns e outros são crimes, que necessitam de ação balizadora, como instrumento de dissuasão, a fim de que não regridamos a épocas em que as leis eram feitas pela vontade dos mais fortes, dos com mais poder de opressão e medo. Entendo que devamos trabalhar pela prevalência do legal, sempre contra a impunidade, mesmo sabendo que o legal pode não ser, muitas vezes, o justo. Fico imaginando que aqueles "justiceiros" do Rio de Janeiro que argolaram um jovem ao poste justificaram o feito pelo crime que ele cometeu, crendo que o deles foi de menor monta. É temerário flexibilizar, tolerar ações criminosas de qualquer natureza, porquanto gera repetição. Deteriora a vida em sociedade.


De outra parte, entendo que as teorias acadêmicas fortalecem mentes pensantes, mas o individualismo subjetivo do que se tem como certo não pode suprir a realidade de uma sociedade em convulsão, visto que o caldeirão não suporta a pressão de utopias que se deformam na aplicação prática. O caminho não pode ser taliânico, mas educativo.


ESTE ARTIGO DE J. MEDRADO, QUE ESCREVE QUINZENALMENTE NA 4ª-FEIRA, RESPONDE AO DE A. RISÉRIO (7.6.14), QUE PODE SER LIDO NO PORTAL A TARDE: ATARDE.COM.BR/OPINIAO.
País de Hipocrisia
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 28/05/2014)


O Brasil se evidencia como um país liberal no campo do respeito à liberdade de ser, desde questões por cor da pele, passando pela orientação sexual, até a escolha da religião, como se tudo fosse aceito, normal. Vê-se no entanto que tudo isso é discurso, pois a realidade demonstra que somos um país de preconceituosos e dissimulados, posamos de politicamente corretos, mas, no dia a dia, a prática toma outro rumo. Impera a hipocrisia. No começo do presente século, o Dr. Doudou Diène, relator especial da Comissão de Direitos Humanos da ONU, em pesquisa no Brasil, incluindo Salvador, afirmou que o Brasil estava cada dia mais preconceituoso, como se o possível clima de liberdade e desrespeito às leis estivesse estimulando as pessoas a se revelarem.

Duvidei, porém recentemente, mais atento, vi a realidade desse crescimento: um juiz segundo a sua definição afirmou que o candomblé e a umbanda não são religiões. Voltou atrás. Faz pouco uma senhora veio a mim e registrou o seu protesto, afirmando que eu brincava muito, que precisava levar mais a sério as coisas da espiritualidade. Sorri e ouvi as suas ponderações ilustradas com exemplos, e ao término me perguntou, como se convencida de que teria resgatado uma alma do purgatório: “E então?” Ao que disse: “Senhora, permita-me discordar, mas o alegre nunca foi ausência de seriedade, muito riso não significa pouco siso, e sabe de uma coisa, permita-me a imodéstia, mas eu procuro fazer algo pelas pessoas e a sociedade, e a senhora, séria, austera, faz o quê? Não me respondeu.


As pessoas pedem pelo dissimulado, pela palavra fácil, sem análise do seu entorno e em tudo isso vemos ideias pré-definidas de que um religioso não pode ser alegre, que os negros são possíveis bandidos e “justificam” atitudes racistas, que os homossexuais são promíscuos, que o candomblé faz o mal... As pessoas prosseguem sem revisar seu conteúdo de preconceito e não se dão conta que estamos no século XXI.
Lamentável abandono
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 14/05/2014)


A memória de um povo é o registro do passado, em interação permanente com o seu presente, formando ligações conceituais e afetivas, em ação contínua de firmamento de sua identidade, que modelará o seu futuro. A isso se chama de identidade cultural. No último domingo, o editorial deste nosso diário fala da redenção do Palácio Arquiepiscopal, com o empenho da arquidiocese de Salvador em recuperar o que se encontra abandonado. Coincidentemente, no sábado, fui conhecer de perto a Igreja e o Convento de Santo Antônio, no São Francisco do Paraguaçu, em Cachoeira, à margem do baía do Iguape, no rio Paraguaçu. Uma construção de 1686, que, em ruínas, as suas paredes externas resistem bravamente ao abandono. 

Apenas como registro do nosso desinteresse geral coma nossa história, comentei com amigos, na mesma noite, o que vi e me entristeceu. Constatei, no entanto, que pessoa alguma sabia da existência de tal relíquia ou tinha ouvido falar, muito menos que estivesse em ruínas. O mesmo tinha acontecido comigo, o que me fez conhecê-lo. E você, caro leitor, honestamente, o conhece ou já ouviu falar? Pois é, em tudo isso vemos a nossa falta de comprometimento com o futuro, quando desprezamos, ou pior, destruímos o nosso passado. 

A preservação de ícones, de símbolos da nossa história não deve servir apenas como justificativa na possibilidade turística, isto é reduzir a caminhada de um povo à necessidade de fotos para outros. Esse descaso evidencia em si uma falta de vinculação, de pertencimento a uma Nação, justificando, também, por este viés, uma falta de comprometimento com toda a estrutura de sua origem. O resultado, então, de tudo isso se revela no que vemos pelas nossas ruas: desde o lixo que se joga pela janela dos carros, o vandalismo dos bens públicos, até na falta de civilidade dos dias atuais. É esse todo o legado que estamos deixando para filhos e netos – um país sem referências, funcionando como pauta de reunião de condomínio, com o que ocorrer.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ocasião e o ladrão
(Coluna Opinião Jornal A Tarde – 30/04/2014)
 
Além de tudo que por estas nossas páginas diárias foi dito sobre a greve da PM, chamou-me a atenção o arrombamento de várias lojas e supermercados que tiveram suas mercadorias roubadas e saqueadas em diversas partes da cidade, desde bairros mais distantes até os mais centrais. Curiosamente, o que se verificou foi que a preocupação não estava no feijão, na carne, mas em aparelhos eletrônicos – depois postos à venda na internet –, em caixas de cerveja e roupas.
Ora, não se pode dizer que as ocorrências são de somenos importância, nem buscar explicações extraordinárias, permissa vênia, como geralmente os estudiosos em antropologia e sociologia fazem. Em verdade, é necessário que não se perca o conceito de crime. É certo, todavia, que há os de maiores impactos e os de menores. Saques, arrombamentos em momentos de greve ou caminhadas... são crimes e precisam ser apenados.
Não é por que um caminhão tombou que a carga está ali e é de todos. O antropólogo Roberto DaMatta afirmou que a rua no Brasil é de todos e ao mesmo tempo de ninguém, um lugar que só se move pela lei na presença ostensiva das autoridades estatais. Ou seja, o povo, em geral, não guarda respeito aos seus deveres civis, à sua obrigação cidadã, salvo quando esteja vigiado. Alguma coisa está errada. Não é verdade que a ocasião faz o ladrão, a ocasião revela o ladrão.
Uma sociedade se evidencia moral e verticalmente enferma quando cada um exerce, à sua maneira, o que julga certo, de acordo com a ocasião e as circunstâncias. A isso se chama de quase barbárie e é o que estamos vendo no Estado brasileiro, em suas plagas.
Não é plausível que se desvalorize socialmente o crime pelo seu poder de dano e ou de repercussão. Crime é crime, o seu apenamento, aí, sim, será concernente aos aplicativos constantes nas leis. São perigosas as manifestações com afirmativas do tipo: há coisas mais importantes para a polícia investigar, para a justiça examinar... Isso gera um clima de danosa licenciosidade.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Pintura Mediúnica de Berthe Morisot

Pintura Mediúnica de Berthe Morisot.
Berthe Morisot (Bourges, Cher, 14 de janeiro de 1841 — Paris, 2 de março de 1895) 
foi uma pintora impressionista francesa.








terça-feira, 22 de abril de 2014

A arte mediúnica, entendo, deve ser sempre direcionado à caridade e não basta apenas ser bonita,precisa representar as obras de quem assina. Os espíritos guardam as suas crenças e ideologias, nesse sentido, hoje Rembrandt, Guido Reni, esse pintou pela primeira vez, trazido por Duccio e a escultora Camile Claudel quiseram refletir a paixão de Cristo. Tenham uma semana de reflexão e paz. Espero que apreciem estas obras.



Rembrandt Harmenszoon van Rijn (Leida15 de julho de 1606 — Amsterdam4 de outubro de 1669) foi um pintor e gravador holandês. É geralmente considerado um dos maiores nomes da história da arte europeia e o mais importante da história holandesa.


Guido Reni (Bolonha4 de novembro de 1575 - 8 de agosto de 1642) foi um preeminente pintor do Barroco italiano.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pintura mediúnica

Pintura mediúnica realizada por Renoir, pintor francês impressionista. Disponível no Espaço Renoir - Rua Barreto Pedroso, 295 - Pituaçu. Informações de venda: 71 3363-5538




  

terça-feira, 8 de abril de 2014

Escultura de Manoel Inácio da Costa que recebi hoje

 
Esta é do barroco Manoel Inácio da Costa. Gostei muito.

sábado, 29 de março de 2014

Tela de Portinari que recebi mediunicamente

Acabei de receber de Portinari. Francisco, patrono da Cidade da Luz, Frei Carlos foi contemporåneo dele, razão de tanto amor que sente e nos contagia. Durmam na paz dele.



segunda-feira, 24 de março de 2014

Mais alguma obras mediúnicas - Espaço Renoir (Cidade da Luz)

  

Telas expostas à venda no Espaço Renoir - Cidade da Luz (Rua Barreto Pedroso, 295 - Pituaçu SSA/BA).
Toda a renda é revertida para as obras assistenciais da Instituição.

"Ser você" - Pensamento de Frei Carlos

Medrado cita pensamento de Frei Carlos comentado em um momento de meditação.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Por que declinei - Artigo do jornal A Tarde - Coluna Opinião (19.03.2014)

 






José Medrado
Mestre em família pela Ucsal
e fundador da Cidade da Luz

medrado@cidadedaluz.com.br

O governador Jaques Wagner, através do secretário Edvaldo Brito, me convidou para fazer parte do Conselho de Estado de Desenvolvimento Econômico e Social. Recebi o agradável telefonema durante os festejos de Momo, o que, de imediato, honestamente, me trouxe uma surpresa e consequente dedução: o governador é realmente um republicano. A lembrança do meu nome e o convite vieram mesmo após reunião que tivemos juntos - com alguns líderes religiosos - quando fui nota dissonante. Dei a minha opinião acerca dos movimentos de rua do ano passado, onde pontuei basicamente problemas de ordem ética e corrupção no governo federal, o que, naturalmente, batia frontalmente com o que poderia ser agradável aos ouvidos do governador. Assim mesmo, no entanto, veio o convite.
 
Alguns amigos próximos me aconselharam a aceitar, afirmando justamente que as minhas posições e conceitos poderiam ajudar em embates e debates de elaboração de políticas, principalmente na área social, já que me dedico por ideal de vida a tais ações. Exatamente por que vivencio visceralmente o que faço que não pude aceitar, por total falta de tempo em me dedicar com afinco, inclusive para defesa de direcionamentos que julgasse importantes à cidadania do nosso estado.
 
Por outro lado, outrossim, penso que, por mais apartidários que sejam determinados conselhos, sempre surgem as políticas de bastidores e a essas realmente não tenho talha para o seu exercício. Não vislumbro, nem agora, nem para tempo algum, qualquer incursão por política partidária. Continuo afirmando que, como a Cidade da Luz, não guardamos cores partidárias, mas possuímos amigos em diversos partidos, e os reconhecemos em suas funções quando a serviço do bem comum e principalmente da causa do terceiro setor.
 
Procuro vivenciar uma posição de atenção de tudo que me chega ao conhecimento e vejo o que vai de encontro com ideais de cidadania e de apoio às instituições organizadas para o auxílio ao próximo. Disso jamais abrirei mão. 

J.MEDRADO ESCREVE NA 4A.-FEIRA, QUINZENALMENTE