Devagar, Risério.
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde -
11/06/2014)
Sou
verdadeiramente admirador do escritor Antonio Risério, sua visão arguta de acontecimentos
e fatos históricos não guarda qualquer paralelo como senso comum. Sou levado,
no entanto, por natureza não omissa, a discordar do seu artigo do último
sábado, onde, com o título "Em defesa dos vândalos", ele se propõe a
uma comparação de valores de ação entre o que os vândalos fazem e o que o pessoal
de colarinho branco faz. Não incita desordem, mas faz escala de valores. Em
determinado momento até afirma que "queimar um ônibus não é nada, em
comparação com as matas incendiadas pelo agronegócio." Não penso, por
outro lado, que se pode compensar crimes, em classificação comparativa, tendo por
cobertura resultado de prejuízos. A linha de raciocínio do ilustre pensador
caminha por terreno perigoso, posto que vivemos em sociedade e, em verdade, as
pessoas já se permitem, dentro deste entendimento, que, se alguém faz, elas
também podem fazer.
Uns e outros são
crimes, que necessitam de ação balizadora, como instrumento de dissuasão, a fim
de que não regridamos a épocas em que as leis eram feitas pela vontade dos mais
fortes, dos com mais poder de opressão e medo. Entendo que devamos trabalhar
pela prevalência do legal, sempre contra a impunidade, mesmo sabendo que o
legal pode não ser, muitas vezes, o justo. Fico imaginando que aqueles
"justiceiros" do Rio de Janeiro que argolaram um jovem ao poste
justificaram o feito pelo crime que ele cometeu, crendo que o deles foi de
menor monta. É temerário flexibilizar, tolerar ações criminosas de qualquer
natureza, porquanto gera repetição. Deteriora a vida em sociedade.
De outra parte,
entendo que as teorias acadêmicas fortalecem mentes pensantes, mas o individualismo
subjetivo do que se tem como certo não pode suprir a realidade de uma sociedade
em convulsão, visto que o caldeirão não suporta a pressão de utopias que se
deformam na aplicação prática. O caminho não pode ser taliânico, mas educativo.
ESTE ARTIGO DE J. MEDRADO,
QUE ESCREVE QUINZENALMENTE NA 4ª-FEIRA, RESPONDE AO DE A. RISÉRIO (7.6.14), QUE
PODE SER LIDO NO PORTAL A TARDE: ATARDE.COM.BR/OPINIAO.
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