quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ideias totalitárias - Jornal A Tarde (Coluna Opinião)







José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz
medrado@cidadedaluz.com.br

Hoje, eu iria escrever aqui sobre o prêmio que a Escola Municipal Carlos Murion, do complexo Cidade da Luz, ganhou do Ministério Público da Bahia, como sendo a melhor escola pública, entre as estaduais e municipais de Salvador. Sentia a necessidade de destacar o empenho dos comprometidos professores e toda a ação que a Cidade da Luz empreende para o êxito alcançado, na maioria, sem qualquer apoio do município, até agora. 

Mas não gostaria de me estender pois, se de um lado, a educação brilha nessa nossa escola, do outro barbáries evidenciadas nos noticiários dão conta de que as pessoas estão tomadas por uma sanha preocupante contra os que pensam diferentemente dos seus posicionamentos. Falo do absurdo que A TARDE aqui noticiou, no último domingo, quando um grupo de manifestantes impediu o sociólogo Demétrio Magnoli de se expressar em uma mesa de debate na Flica, na cidade da Cachoeira. 

Sob a acusação de racista, por se posicionar, em outras oportunidades, contra o sistema de cotas nas Universidades - já funcionando e dando excelentes e orgulhosos frutos -, o grupo o chamava de direita, e fazia performance até com uma cabeça de porco, exigindo que ele não se pronunciasse sob o tema que nada tinha com o cerne da manifestação. Onde fica o tal do “seu direito termina, quando o do outro começa”, considerando a livre expressão? 

Tal episódio me remeteu, por analogia, ao livro 1984, de Orwell, que tinha na polícia do pensamento a função de descobrir e eliminar membros da sociedade que pudessem apenas pensar em desafiar o poder constituído. Atitudes desse jaez só nos faz lembrar de estados totalitários, onde o contraditório é execrado para a formação de uma única massa que, no culto da monoideia, não ouse a pensar, falar e escrever diferentemente do que alguns querem. Essa é a contraposição à educação, que deve formar valores discursivos, de diálogo e confronto de ideias, jamais de agressão de qualquer natureza, no calar forçadamente o contraditório.

MEDRADO ESCREVE NA 4a. FEIRA, QUINZENALMENTE

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