Fui concitado a expor aqui a minha opinião sobre esta tragédia que tanto chocou a todos. De pronto, afirmo que sobre dores humanas não cabe opinião, porquanto pessoa alguma tem condições de avaliar o sofrimento e a dor que dilaceram o coração de quem quer que seja, no cenário de uma tragédia. Posto, no entanto, o meu posicionamento, em expressão que julgo de consciência e princípio, resultado das minhas reflexões cristãs. Um fato: dois jovens foram mortos em um acidente, após um desentendimento no trânsito, cabe o apuro da polícia, da justiça, na qualificação das mortes e a possível responsabilização penal de quem o causou. Outro ponto: a médica que conduzia o carro do atropelo fez serviço voluntário na Cidade da Luz, durante muitos anos, sendo que de uns três para cá, ela não pode mais atender no Centro, abriu, no entanto, uma cota social em sua clínica para as pessoas encaminhadas por nós. Não a conhecia pessoalmente, fui abordado por ela dentro de um avião, pedindo-me para ser voluntária no Centro, dando-me, para tanto, o seu cartão. Não mais tive contato. Repassei o cartão para o setor específico. Contato feito, trabalho encaminhado. Por dever de consciência, quando fui instado, não poderia deixar de dizer o que é expressão da verdade simples e natural: Todos atendidos por ela sob nosso encaminhamento só tinham elogios. Não tenho aqui manifestação tendenciosa, de forma alguma, mas sentimento cristalino de debruço sobre os fatos, perfeitamente comprováveis. Um episódio não invalida o outros, em sentido algum. Naturalmente, neste mesmo momento que você lê, se conhecia, lembrará dos meninos que morreram e levantará também as qualidades deles, natural, você os conhecia. A quem não conhecia, entendo, não cabe ajuizamento, somente análise de fatos. Não sejamos veículos do despertamento de ódios, mas protagonistas da busca da verdadeira justiça.
A aplicação da justiça é um direito e dever de todos, que devemos exercer sempre. É preciso que em nome desta justiça não façamos o que nos indignamos nos outros.
Diante de comoções, dores...é indispensável o equilíbrio principalmente dos que não conhecem os envolvidos, a fim de não darmos vazão às nossas próprias dores, diante das dos outros.
Os familiares, amigos, principalmente a mãe de Emanuel e Emanuelle devem estar em uma dor, que Deus nos livre a todos, e que a justiça seja feita; mas também a outra família, seus amigos... seguramente estão em grande sofrimento. Seremos sempre produtos de nossas ações, e responderemos por elas, sempre, para o bem, para o mal e ou em ambas as interações. Só por estarmos neste mundo, estamos sujeitos a tudo, a qualquer momento. Pessoa alguma está livre do imponderável. Guardemo-nos sempre em oração e vigilância. Obrigado.
2 comentários:
Muito bem colocado, Medrado. Não devemos dar evasão às nossas dores a partir das dores dos outros. O sofrimento nesta tragédia foi generalizado em ambas as partes e até mesmo nos corações mais sensíveis e sensatos daqueles que não estão diretamente ligados às famílias, mas que acompanham este caso nos noticiários.
A reflexão será verdadeiramente humanizada se nos colocarmos, ainda que mentalmente, dos dois lados. E se eu fosse a mãe destes jovens que morreram?, mas também, Se eu fosse o(a) filho(a) desta mulher que os atropelou? O sofrimento não tem como ser medido em nenhum dos casos, pois só é capaz de conhecer a verdadeira dor quem a está sentindo.
Justiça precisa ser feita, mas vingança não. O que precisamos, de fato, é refletir o que podemos fazer para melhorarmos a nossa convivência com o outro cotidianamente para assim evitarmos estes desentendimentos desnecessários que não fazem bem a ninguém, pois nunca podemos esquecer que tragédias podem acontecer com qualquer um de nós, seja como agressor ou agredido, portanto, o que temos de melhor a fazer é preveni-las.
O que eu poderia acrescentar senão solidarizar -me com a dor de ambas as partes . Lamentável que em um momento de raiva palavras tenham sido ditas ,ações tenham sido feitas e... o sofrimento e a dor tenham sido plantados.cabe a lição a cada um , pois estamos no mesmo barco da vida .Orai e vigiai continuam tão validos hoje como ontem.
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