quarta-feira, 27 de abril de 2011

POR QUE O NOVO INCOMODA? - Jornal A Tarde - Coluna Religião

Veja o que comentei sobre o Pe. Marcelo Rossi, no meu artigo para o jornal A Tarde do dia 26 de abril. Não é surpreendente? E eu que pensei que só acontecia na minha religião!!!!

Nesta semana que passou, o Pe. Marcelo Rossi deu uma contundente entrevista às páginas amarelas da revista semanal Veja, onde fala de suas pregações, do líder de grandes massas que se tornou, da sua vaidade ao usar finasterida para não ficar careca, como também da dificuldade de ser ele mesmo, “sinto-me preso às vezes em minha imagem pública (...). Adoro praia, mas não dá para ir”. Toda a entrevista foi repassada de muita humanidade, o que não pode ser diferente, pois, afinal de contas, o que somos?

Chamou-me, no entanto, muito a atenção o desabafo do padre, quando perguntado por um prêmio, o Van Thuân, que condecora os “evangelizadores modernos”, recebido das mãos dos Papa. Aí, não houve meias palavras, respondeu:”... A confirmação de que estou no caminho certo. Interpreto como um cala-boca na Arquidiocese de São Paulo.(...) Sabe quantos padres me ligaram para me cumprimentar pela condecoração? Um. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil até agora não me procurou...”. Em seguida, por gestos, segundo a revista, atribuiu o desdém dos seus pares à dor de cotovelo.

Confesso que me surpreendi, uma vez que pensava que essas questões só aconteciam na minha religião, em minha direção. Infelizmente, todo homem de ideias velhas, ou envelhecidas guarda um medo muito grande dos processos de mudanças. Seguramente, não se trata apenas de confrontos de conceitos, ou de paradigmas, mas um medo de desconfiguração de liderança, o velho temível receio humano da rejeição. Pura tolice. Cada líder a seu tempo precisa entender o que escreveu Belchior, na música Como Nossos Pais: “...Mas é você que ama o passado e que não vê. É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”. É inexorável. É da vida. Religioso e não precisam ter em mente que passarão, como os antecessores de todos nós passaram. Não é crível que, em nome de uma vaidade que se decompõe pela ação do tempo e a perda de tonicidade de estilo, bem como de roupagem diferente para princípios de sempre, o antigo ou sem renovação se sinta ofuscado, ameaçado, despeitado pelo novo, no contexto global de modificação que assoma a tudo, por todos os lados e quadrantes.

Pe. Marcelo Rossi como todos que inovamos, permitam-me a inclusão, temos que arrastar uma espécie de pesada bola de ferro que tentam nos colocar nos calcanhares, pela ousadia de querer caminhar fora do alinhamento, da marcha de sempre. Essas são almas atormentadas que, na iminência natural e factível do chegar ao fim da caminhada, apegam-se às tradições, para não ceder espaço como proprietários dos púlpitos e tribunas das pregações religiosas. Lamentável atestado de apego e falta de compromisso real com o desiderato que abraçaram. Poderiam, como luminosa comissão de frente, destacar o que vem mais atrás, em uma grande evolução do samba enredo de vidas que se permitiram e agora abrem a charrua para os novos semeadores; mas não, dificultam, procuram ater a marcha. Nada funcionará, pois o novo sempre chega.

JOSÉ MEDRADO/MÉDIUM, FUNDADOR E PRESIDENTE DA CIDADE DA LUZ

Um comentário:

Clarice Braga disse...

Vê-se bem que isso acontece com muitas pessoas e como você bem disse, e a tal da rejeição que ainda é muito endeusada por muitos e "ai" daqueles que não saibam lidar com ela, sofrerão as conseqüências de sentimentos e comentários retrógrados de pessoas que não sabem avaliar o verdadeiro sentido da palavra RENOVAÇÃO.
Um abraço Medrado, e muita Luz para você e seus fiéis pensamentos!
Claraluz