Uma coisa não se pode negar diante da greve dos professores do Estado, há mais de cem dias: a valentia desses subassalariados diante do que fazem, que, em mesmo passando dificuldades de toda natureza, até fome, não se intimidam diante de um governo – aí vem a ironia da roda da vida – que se formou na forja ardente das greves e lutas sindicais.
Experiência de liderar movimentos grevistas não falta ao governo, razão pela qual apostou no esvaziamento da ação, como, aliás, também faz o governo federal; não funcionou. Tenta voltar a opinião pública contra os grevistas, com peças e mais peças em veículos de comunicação, mas não funcionou – curiosamente, não vi peça alguma do sindicato representante dos professores, por que será? A população se sente prejudicada, claro, são milhares de adolescentes fora das salas de aula, mas pontuando alguma insatisfação aqui e ali, vê-se uma nova mentalidade se formando, onde o raciocínio paira em um trabalho com empenho e consequente recompensa, não adiantando, assim, o estar na sala de aula por estar. Há quem diga também que a greve se tornou em objeto político, mas qual a que não é? Os defensores de ontem, de movimento dessa natureza, sumiram, evidenciando que, realmente, o poder tende a encantar, fascinar, inebriar, então valores se perdem, ou, digamos, são substituídos.
É fato que também alguns professores podem estar extrapolando em atitudes, mas, seguramente, não se pode chamar nem de minoria, pois são casos pontuais. Com tudo isso, os professores estão fazendo história neste solo azul, vermelho e branco, pois “nunca antes na história” de há muito deste Estado uma categoria firmou seus princípios e ideais tão firmemente que deixou sem ação quem é considerado grande negociador, o Governador da Bahia.
Alguns reclamam que está havendo desobediência às decisões judiciais; são, no entanto, exemplos que estão sendo seguidos. Dê no que der, certo é que daqui para frente qualquer categoria que vier a deflagrar alguma greve vai se lembrar do que aconteceu neste 2012, com esses valentes e bem ousados professores.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz
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