quarta-feira, 7 de março de 2012

Não pretendo aqui analisar questões gerenciais futebolísticas, não as conheço, tampouco enveredar por corredores que envolvam poder, corrupção, possíveis desvios de todas as montas, naturezas e interesses na área. Não. Porém achei interessante as indignações que permearam vários segmentos, principalmente o político, após as declarações do Sr. Valcke, secretário-geral da Fifa, quando afirmou que “o Brasil e os organizadores (da Copa) precisam de um chute no traseiro”. Quero tirar o foco do nacionalismo que sempre emerge nesses momentos, semelhante a quando desancamos um membro da nossa família, mas não admitimos que ninguém de fora o faça.

Eu constato, permita-me, a visão do “tudo pode” que exercitamos em nossas terras brasilis, que termina por contaminar -e aí é contaminar mesmo, não contagiar - o conceito e considerações de que, além dos nossos muros, somos alvos. Ora, esse senhor somente repercutiu o valor de respeito, ou falta dele, que aplicamos a nós e às nossas questões. Nada mais que isso. Será que, se se tratasse de um outro país que se respeitasse, ele seria chulo?

Como evitar tais desrespeitos, se não guardamos, como povo, respeito às nossas instituições e a nós mesmos, permitindo, passivamente, que um ministro seja escolhido, sem protestos, por questões religiosas, onde ele próprio desqualifica o cargo, afirmando que “não sabe colocar uma minhoca no anzol”, sendo ministro da pesca; ou um secretário estadual que inclui em um pretenso concurso pontuação por representatividade partidária e fica por isso mesmo, pois ele não leu o que assinou - e é da Cultura. Os mais velhos afirmam com grande razão e sabedora que “quem não se dá o respeito, não o tem”. Não vou relembrar outro caso algum, todavia, você, caro leitor, poderá lembrar de muitos com repercussão ou mesmo particulares onde o cidadão ficou frustrado, quando não revoltado, pelo dissabor de ver as instituições que deveriam ser para o público, sendo tratadas de maneira privada, com donos e seus interesses escusos. Respeito se conquista, não se impõe. É fato.

José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz

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