
Li, em interessante texto, recentemente, citando inúmeros psicalistas, em um estudo comportamental das fraudes no Brasil, a exemplo de Berlinck, Calligaris e DaMata, que, de uma forma geral, estamos diante de uma cultura infame de astuciosos, egoístas, que vivem buscando chances de burlar os cidadãos e o Estado, em espantoso desrespeito pelo bem comum e pelas leis. Sem novidades, mas, quando começamos a nos perguntar, provoca Berlinck: “Mas quem, afinal, são os corruptos? Aqueles que trabalham para o governo e se apropriam de bens públicos? Os profissionais liberais que não declaram integralmente seu Imposto de Renda? O chefe de compras que aceita propina para escolher o fornecedor da empresa onde trabalha? Toda a população, enfim, porque não exige nota fiscal ao fazer suas compras e facilita aos comerciantes lesar o fisco? E agrego: O político que elegemos por um partido, pensando que vai atuar em uma frente, um lado, e depois vai para o adesismo? O que frauda e se anestesia, dizendo: todo mundo faz, que bobagem?
Talvez eu esteja sendo aqui o chato, criador de caso, apontando situações que você, caro leitor, pensará: isto é diferente. Tem nada a ver. Cuidado, se você já se autoconvenceu dessa forma, significa que o seu ideal de ética, legalidade, moral já está contaminado pelo vírus da conveniência pessoal e o próximo passo será o querer mais, pois, se não for você, será outro e, afinal de contas, você não é a palmatória do mundo, nem otário. Não é mesmo? Pois é, dessa forma que a nossa cultura está forjada. A ocasião não faz o ladrão, revela-o.
José Medrado
Mestre em família pela Usal e fundador da Cidade da Luz
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