quarta-feira, 28 de março de 2012

Cidadania espírita - Jornal A Tarde (Coluna Religião)

Em 1890, quando o Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890, promulgou o Código Penal, tinha em suas disposições o Art. 157, que dizia: “ Praticar o Espiritismo, a magia e seus sortilégios, usar de talismãs e cartomancias para despertar sentimentos de ódio ou amor, inculcar cura de moléstias curáveis ou incuráveis, enfim, para fascinar e subjugar a credulidade pública: Penas - de prisão celular por um a seis meses e multa de 100$ a 500$000. (...)( a moeda era o Réis). Ora, o Espiritismo era o equivalente, hoje, ao jogo do bicho e, realmente, era combatido, perseguido pela polícia, além, é claro, pela Igreja Católica. A saga espírita prossegue. Seus representantes foram rompendo barreiras, ora acertando em suas condutas e discursos, ora se equivocando, imprimindo valores desanexados da lógica, do bom senso, além, é claro, dos que surgiram em um vácuo oportunista, ludibriando, mistificando, bem como os que, por ignorância, agregaram o nome espiritismo a manifestações espiritualistas sem embasamento algum com a doutrina kardecista. Pois é... chegamos até o século XXI, guardando o respeito da sociedade e o reconhecimento da seriedade de nossas ações sociais, de um modo geral.
Foi com essas lembranças em minha alma que, no último sábado, recebi na Cidade da Luz, em um jantar beneficente, com pintura mediúnica, grandes expressões femininas do judiciário de nossa terra: Dra. Eliana Calmon, Corregedora do CNJ; Dra. Vânia Chaves, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho; Dra. Sara Brito, Presidente do Tribunal Regional Eleitora; Dra. Graça Laranjeira, Vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho; Dra. Mônica Aguiar, Juíza Federal; as Dras. Rita Tourinho e Maria Eugênica Abreu, Promotoras do Ministério Público do Estado da Bahia. Senti-me envaidecido e orgulhoso, pois, talvez, nunca antes uma quantidade tão grande de dirigentes do judiciário estiveram presentes em um Centro Espírita, não sendo, necessariamente, espíritas. É a cidadania espírita ratificada pelos operadores do Direito.
Por essas e outras considerações que se depreendem da sociedade que, incansavelmente, mesmo algumas vezes sendo combatido ou não compreendido, insisto no nosso compromisso de caráter social-cidadão e não meramente catequético. Não poderemos perder as lutas que os nossos companheiros de antanho tiveram que enfrentar para a conquista desta cidadania, fechando-nos em um conservadorismo ou ortodoxia sem reflexo algum na sociedade que se encontra aí fora, célere e se reinventado permanentemente. Não é por exagero, mas constatação, que não canso em chamar a atenção de que se não buscarmos os jovens com o novo, em sintonia com a sociedade contemporânea, iremos minguar, assistindo centros serem fechados por falta de continuadores, por apego, ego ou sei lá o quê de muitos dirigentes que temem o “perder espaço”! São doentes que não se deram conta de sua enfermidade psicológica.

JOSÉ MEDRADO / MÉDIUM
FUNDADOR E PRESIDENTE DA CIDADE DA LUZ

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