É certo afirmar, dizem muitos antropólogos, que a humanidade, após o aparecimento do homo sapiens, até o presente, apenas conheceu uma única revolução, por ela mesma realizada: aquela que transformou a sociabilidade das hordas e das tribos em sociedade política (a polis), transformando a societas em civitas, que deu origem a expressão e sentimento de cidadania. Vemos, no entanto, que parece estar havendo, à minha leitura, uma inversão dessas conquistas ou, quando não, uma espécie de apropriação individualista do coletivo, por parte de muitos.
Atropela-se à nossa frente toda sorte de inversão de valores: motoristas mal-educados se dão à preguiça de dar seta ao mudar de faixa e, reclamados, se permitem verbalizar o que aprenderam como defesa dos sem argumentos; cães bravos e estressados soltos nas praias atacando transeuntes, que, ao reclamar, ouvem como deboche que não mordem, depois de terem assustado e estressado a quem foi relaxar em um lugar público de proibida permanência de animais; vizinhos que não se dão limites ao seus duvidosos gostos musicais, colocando o som alto e impondo a todos a intensidade de sua fúria, se chamados a atenção; muitos políticos que não mais acobertam a quem defendem, deixando às escancaras a defesa de grupo e segmentos, mas que não declararam nada em palanque, pedem votos de todos, mas legislam aos que interessam.
Lembre-se agora, leitor, de seus testemunhos. Estamos em uma sociedade que está se perdendo em seu roteiro civilizatório, fazendo-nos vislumbrar uma terra de ninguém, onde o que vale é bestialidade, imposição de um individualismo infame. Não falo aqui de solidariedade ou que tais. Falo de se viver no respeito aos princípios que devem nortear a vida em sociedade, em direitos iguais no exercício da cidadania, pelas calçadas e ruas esburacadas de nossa Salvador.
Não coaduno com os religiosos que falam de apocalipse, transição de planeta, fim de mundo. Nada disso. O que vemos é um vale-tudo que se tornou o viver em nossa cidade, por total impunidade, certeza que estimula aos que precisam ser punidos para aprender.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz
Atropela-se à nossa frente toda sorte de inversão de valores: motoristas mal-educados se dão à preguiça de dar seta ao mudar de faixa e, reclamados, se permitem verbalizar o que aprenderam como defesa dos sem argumentos; cães bravos e estressados soltos nas praias atacando transeuntes, que, ao reclamar, ouvem como deboche que não mordem, depois de terem assustado e estressado a quem foi relaxar em um lugar público de proibida permanência de animais; vizinhos que não se dão limites ao seus duvidosos gostos musicais, colocando o som alto e impondo a todos a intensidade de sua fúria, se chamados a atenção; muitos políticos que não mais acobertam a quem defendem, deixando às escancaras a defesa de grupo e segmentos, mas que não declararam nada em palanque, pedem votos de todos, mas legislam aos que interessam.
Lembre-se agora, leitor, de seus testemunhos. Estamos em uma sociedade que está se perdendo em seu roteiro civilizatório, fazendo-nos vislumbrar uma terra de ninguém, onde o que vale é bestialidade, imposição de um individualismo infame. Não falo aqui de solidariedade ou que tais. Falo de se viver no respeito aos princípios que devem nortear a vida em sociedade, em direitos iguais no exercício da cidadania, pelas calçadas e ruas esburacadas de nossa Salvador.
Não coaduno com os religiosos que falam de apocalipse, transição de planeta, fim de mundo. Nada disso. O que vemos é um vale-tudo que se tornou o viver em nossa cidade, por total impunidade, certeza que estimula aos que precisam ser punidos para aprender.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz
Um comentário:
É, Medrado, cada dia que passa só vejo as coisas piorarem. Mas tento manter meu otimismo, meu pensamento positivo, pois, já diz a história que, após tantas tragédias, catástrofes e misérias, vem a mansidão, a paz, a calmaria, a reconstrução.
Torço por isso, pois já vislumbro o tal "fim dos tempos" já chegados.
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