quarta-feira, 8 de junho de 2011

ESPIRITISMO CIDADÃO - Jornal A Tarde - Coluna Religião

Estou tendo um grave problema de intolerância a muitos dos meus “companheiros” espíritas, pois tem me faltado paciência para ler ou mesmo ouvir os “santos” aqui na Terra. Kardec foi contra o proselitismo, afirmando, inclusive que convicção não se impõe, porém continuamos vendo a mesma prática teórica proselitista de sempre. São os donos da verdade. Quando escrevem, usam o tom da doutrinação, tentando convencer o leitor de que aquilo que dizem é uma verdade que não pode ser discutida, nem questionada, mas sempre seguida, sob pena de se ir para o Umbral ou estar sob forte interferência espiritual negativa. Não suscitam o embate de ideias, tampouco acham que podem ser negados em seus princípios e ou colocações. Guardam uma linguagem cheia de metáforas de medo, sem renovação que os tempos atuais exigem. Quando falam, bem acentua o jornalista Wilson Garcia, “...usam de inflexões estudadas, têm a voz melíflua, dão a idéia de santificação, muitas vezes copiam oradores famosos, fingem humildade que não possuem. Tudo isso para impressionar.”.

Os novos tempos estão aí, não os das tais crianças índigos, blus, reds ou sei lá mais o quê, tampouco de transições espetaculares de mundo de provas e expiações para o de regeneração. Não! Não! Tolices puras, pois o urgente e necessário é o mundo do dia-a-dia que bate em nossas portas, solicitando ajuste de emprego na divulgação espírita para algo mais abrangente e real: espiritismo cidadão.

Não poderemos mais, penso, ficar no falar emproado das questões subjetivas da vida etérea. Façamos o necessário agora que o espiritual estará inserido, sem necessidade de borogodós que não mais impressionam como já impressionaram, ainda que muitos se sentem ainda empolgados com tais discursos, que não levam a coisa alguma.

Precisamos de uma concepção de educação espírita que nos leve a uma leitura do mundo e da palavra, em que cada pessoa possa dizer sua palavra. Palavra que nasce da compreensão e uso do conhecimento produzido na religião, nas ciências, nas artes e da compreensão cotidiana da vida.

O Espiritismo precisa trabalhar uma divulgação com a prática social, mas também com conceitos libertadores, transformadores do mundo, não para a santificação que pessoa alguma busca, até mesmo as que pregam tanto o amor, mas na intimidade de suas vidas são lobos travestidos de cordeiros.

O Espiritismo precisa cumprir um papel político transformador, não no sentido de púlpito partidário, mas de despertar consciência aos compromissos com a educação cidadã, que vise à demonstração de que evoluir é também cuidar do meio-ambiente, ter educação no trânsito, respeitar vagas de deficientes e idosos nos shoppings e por aí vai. Fazer com que o espírita de amanhã seja um comprometido com o verdadeiro ideal comum, em todos os níveis e processos de vivência na sociedade.

JOSÉ MEDRADO/MÉDIUM, FUNDADOR E PRESIDENTE DA CIDADE DA LUZ

2 comentários:

Maria disse...

Frequento o CEMA há 4 anos. Nada conhecia sobre o Espiritismo. Foi lá tb q tive oportunidade de conhecê-lo. Vc fala a linguagem do povo, o que a gente precisa ouvir entendendo. Muitas vezes me sinto meio deslocada. Tudo é muito lindo, mas meio fora da realidade. Tem uma palestrante que odeia Big Brother, que nos coloca (eu assisto mesmo) abaixo do Umbral...rs. Seu texto lavou minha alma. Acho que começo a compreender pq vc não veio este ano...Saímos perdendo. Estou cansada de ver, ali mesmo, espíritas de carros importados que, aqui fora pouco agem como cristãos. Obrigada por vc continuar na luta.

Marcia disse...

Medrado...eu te diria que você não tem um problema. Eu diria que sua "falta de paciência" é bem justa. E...como bem fundamentou, é preciso mesmo simplificar e trabalhar melhor o ego de alguns. Como sempre, você apresenta caminhos, soluções e o mais importante: faz diferente! Portanto... não vejo onde está o problema. Grande abraço. sMarcia - CWB/Pr