Pesos diferentes
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 29.04.2015)
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 29.04.2015)
Circulou no último domingo, por alguns sites de notícias,
que uma organização ligada ao ex-deputado Luiz Argolo, preso pela Operação Lava
Jato, captou, via Lei Rouanet, do governo federal, R$ 2,1 milhões de estatais e
empresas privadas para a realização de festas juninas no interior da Bahia.
Seria para o denominado Transbaião, que tinha como objetivo viagens em um “trem
cultural” para convidados “vips” do ex-deputado. O ex-ministro Lupi disse que o
PT roubou demais, ou seja, há medidas para o roubo.
Pois é, vejo esgoto a céu aberto e fico me perguntando onde
estão os controles desses fundos? Isso porque vejo na Cidade da Luz, quando de
suas prestações de contas – e é bom que seja assim –, um elenco de comprovações
que deixaria Hércules aliviado com os seus 12 trabalhos,
Ulisses acharia fichinha a sua odisseia e Dante tomaria como exemplo o nosso
périplo. E não falo aqui de dezenas de milhares de reais, não. Falo de, por
exemplo, R$ 15 mil por mês, que é do único convênio que temos com o estado. É um
tal de se mandarem fotos do que se fez, fichas de inscrição, nomes, assinaturas
em lista de presença... E sempre falta algo. Vestais surgem com as suas
explicações. De outro lado, no entanto, certos políticos “filantropos” e/ou de
algumas ONGs têm tudo tão fácil, milhões em convênio, para trabalhos cheios de
controvérsias. Quem entende?!
É fato: nós, que dirigimos instituições sérias, que
guardamos a realização do bem apenas por ideal, sem qualquer busca de vantagem
e votos, lutamos com tantas dificuldades. A mim me parece que certos segmentos públicos
guardam a filosofia do “vamos dificultar para os que não temos interesses, para
ver se desistem”, mas me apoio no que é atribuído a santo Agostinho, quando proclama
que a esperança tem duas filhas, a indignação e a coragem: a indignação nos ensina
a não aceitar as coisas como estão e a coragem, a mudá-las. Talvez esteja
também aí o bom combate a que Paulo de Tarso se referia, no perseverar de um
ideal.