quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Donos do povo
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 18.02.2015)

Acabou. Começa o balanço moral... Medos surgem do que foi feito. Frustrações do que se julga perdido, enfim são as pessoas e suas ideações de vida... algumas influenciadas pelos medos de suas religiões, outras, pelas especificidades de conceitos de suas famílias, de seus ambientes sociais, mas afinal somos exatamente isto também: a soma de tudo. Nessa direção, uma moça me disse no domingo que pensa ter engravidado, o que pontuei sobre o que penso, inclusive no sentido de colheita do plantio com o livre-arbítrio. Tentei dissuadi-la do que já pensava, precipitadamente. Entendo, no entanto, que pessoa alguma tem o direito de pautar a vida de quem quer que seja pelo medo, pela opressão, pela perseguição, nascidas por valores religiosos, ideológicos ou de qualquer forma de dominação e ou chantagem explícita ou velada. Devemos, penso assim, ensinar as pessoas a logicarem, a evocarem o seu discernimento cognitivo, jamais por qualquer ditadura alienadora. Recentemente li aqui em A TARDE o presidente de um dos poderes da Nação, o deputado Eduardo Cunha afirmar ipsis litteris: “O aborto eu não vou pautar nem que a vaca tussa. O último projeto de aborto eu derrubei na Comissão de Constituição e Justiça (...) No aborto eu sou radical. Projeto sobre isto só por cima do meu cadáver”. Sou também contra o aborto, salvo quando a gravidez põe a vida da mãe em risco de morte. Uma coisa, no entanto, são os meus valores religiosos, outra sou eu querer impô-los a toda uma Nação, independentemente da crença ou não do seu povo.


Ora, os nossos representantes precisam aprender a não se assomarem como donos do nosso país, eles estão onde se encontram porque demos a eles estes empregos, e os assalariamos. Assim, que o povo decida os seus rumos. E, por favor, não me venham dizer que o povo não sabe o que é melhor, isto é totalitarismo, é fascismo. Caberá a mim fazer o convencimento, aos que se interessarem, jamais açoitar a minha verdade como instrumento de lei, de salvação.

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