quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Servidores Públicos
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 29.10.2014)

Ontem foi “comemorado” o dia do servidor público, em verdade deveria ser um dia de luto, posto que estamos vendo os direitos dos servidores federais, dos quais sou um dos seus membros, serem assacados ano após ano, sem que haja um real interesse por parte da maioria dos gestores-administradores a esta classe que carrega injustamente a pecha de encostada, que ganha muito e pouco trabalha, mas que em verdade é que faz toda a máquina do governo caminhar.

Vivemos épocas atuais, e aqui falo pela experiência que vejo na Justiça do Trabalho, onde sirvo há 33 anos, onde se criam metas a serem batidas, cumpridas, em total desequilíbrio com o humanamente possível, onde dezenas de servidores têm se afastado com estresse, doenças ocupacionais de toda ordem e, aqui e ali, licenças por uso de ansiolíticos.Tudo por estatística. Vejo, nessa Justiça a que sirvo, colegas trabalhando penosamente para uma prestação jurisdicional honrada, sem escândalos, mas que não se vê reconhecida como deveria. Como se não bastasse, estamos vendo, nestes dias, os dirigentes dos tribunais, por toda parte, baixando portarias, normas, apenando os servidores no seu direito de greve, constitucional, ainda que não regulamentado, seguramente, não por nossa culpa, servidores, mas pela leniente condução das demandas funcionais pela maior Corte do país, associada ao Legislativo nacional, mero protocolador dos ditames do Executivo.

Sei que há magistrados em todos os escalões que aderem às reivindicações dos servidores, mas ainda sentimos necessidade de um posicionamento mais peremptório. De outro lado, a nossa representação sindical precisa ser mais aguerrida e não viver querendo um trampolim para a política partidária. O interesse coletivo precisa estar à frente do pessoal e de grupos.


Assim, não há grandes motivos para comemorações, mas de respeito, sim, e falo do Judiciário Federal, pois a ele sirvo e testemunho a honradez dos seus servidores e a sua dedicação à causa pública.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014


Estava demorando

Pois é, já começaram a pôr amarras no papa Francisco... esses conservadores se vê em todos os lugares... como eu os conheço do Espiritismo. Lamentável, mas...

"Vaticano fez mudanças cruciais na tradução em inglês de passagens sobre homossexualidade em um documento polarizador nesta quinta-feira, amenizando uma mensagem que vinha sendo vista como uma grande mudança de tom em relação aos gays.

As alterações sinalizaram as tensões vivas entre bispos conservadores e progressistas na assembleia a portas fechadas, conhecida como sínodo, na qual se debatem temas voltados à família como homossexualidade, divórcio e controle de natalidade.

Entre as mudanças estão a substituição da frase "acolher estas pessoas (homossexuais)" pela nova versão "prover para estas pessoas".

A palavra "fraternal" em uma passagem que clamava a necessidade de “um espaço fraternal” para homossexuais na Igreja foi apagada da tradução do italiano para o inglês sem explicação.

O documento provisório emitido na segunda-feira, meio termo do sínodo de duas semanas com cerca de 200 bispos de todo o mundo, foi saudado por grupos de direitos gays e progressistas da Igreja como um avanço, mas causou o repúdio dos conservadores. (Notícias Terra)".

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Preconceito e igualdade
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 15.10.2014)

Anualmente sou convidado pelo Arthur Findlay College, de onde acabei de chegar – Inglaterra –, college for the advancement of psychic, como eles se intitulam (faculdade para o avanço psíquico), onde realizo palestras e trabalhos de pintura mediúnica. Não se trata de instituição espírita, pois o espiritismo na Europa é desenvolvido, de um modo geral, por denotados brasileiros que se esforçam pela propagação da ideia, mas, infelizmente, não há ressonância. Os nativos não se interessam por conhecê-lo, estudá-lo. Nessas minhas viagens, há sempre um interesse, mesmo que em perguntas particulares, sobre as crianças e o uso do crack no Brasil. Ao lado desse aspecto específico, também há curiosidade sobre a ação do Estado brasileiro diante dos imperativos educacionais da infância e da juventude, pelo menos por onde passo. A visão sobre o Brasil lá fora é ainda muito ruim. Concebem-nos como mal-educados e sem instrução, ao lado do uso de drogas, sexo fácil, violência e desmandos públicos.

Nesse momento de eleição presidencial, onde se estimulam, lamentavelmente, o separativismo entre Nordeste, Norte e o Sudeste e Sul, gerando uma nociva onda de preconceito, somos levados a concluir que realmente há uma discrepância na condução educacional de uns e outros. Não podemos nos ensimesmar, tomando como ofensa pessoal a diferença que existe, pois ela é real, ainda que devamos protestar contra essas discriminações. O fato, no entanto, gostemos ou não, é que para a ONU e o seu famoso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ao lado do da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro – Firjan, que considera o avanço socioeconômico dos 5.565 municípios brasileiros em três áreas: emprego e renda, educação e saúde. O resultado é que as primeiras 45 cidades em qualidade dos aspectos abordados são todas do Sul e Sudeste, com exceção de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Devemos, sim, buscar o esforço de igualdade, cobrando dos governantes o que é da sua obrigação.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Foi o óbvio, mas é um avanço

Depois de uma semana de discussões, o Sínodo dos Bispos, convocado pelo papa Francisco e dedicado à família, apresentou um documento que ressalta que os homossexuais “têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã” e que a Igreja deve ser para eles “uma casa acolhedora”, embora seja contra a união de pessoas do mesmo sexo. É um avanço, sem dúvidas, ainda que se proclamou o óbvio, sem qualquer favor, pois não se trata de seres humanos abjetos, mas pessoas como quaisquer outras, e o mínimo que se espera de uma vivência verdadeiramente cristã é o acolhimento, claro. 

Onde Jesus condenou? Apenas os hipócritas e fariseus, chamando-os de sepulcros caiados, bonitinhos por fora e podres por dentro, ou seja: os falsos e dissimulados religiosos, que encontramos por todos os lados e religiões. É uma mudança de atitude católica, se sai um pouco debaixo de um manto de pura hipocrisia, pois há muitos homossexuais nas fileiras clericais, para começar um novo caminho... admiro o papa Francisco, realmente é um iluminado. Há muito ainda por se reconhecer, não por se conquistar.



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Não dá, desistimos
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 01.10.2014)

Não sei se é verdade ou mentira, produto do momento eleitoral, ou não, mas realmente a nós que realizamos, por ideal, trabalho social sério, onde a luta para a conquista de míseros reais é hercúlea, saber de escândalos envolvendo dinheiro público, como o do tal Instituto Brasil, é uma agressão na alma. As cifras sempre astronômicas. À guisa de informação: um abrigo (orfanato) que mantém cerca de 40 crianças recebe de recurso público não mais que R$ 120 mil por ano, isto: por ano, e vermos a suspeita de o nosso dinheiro público ser jogado na vala da corrupção é de deprimir. Claro, os políticos vêm a público pedir investigações severas. Você, leitor, lembra do escândalo da Pierre Bourdieu, envolvendo a Secretaria de Educação do Município, na gestão de João Henrique, pois é. Em que deu, eram muitos milhões?

Nós que conduzimos instituições sérias – no caso da Cidade da Luz todos os diretores somos voluntários, nada ganhamos pela atividade no bem – só amargamos obrigações, imposições verticalizadas de burocratas e técnicos "doutores". Recentemente, veio uma determinação do Ministério do Desenvolvimento Social impondo restrições aos abrigos. A fim de aumentar a per capita, teremos que abrigar no máximo 20 crianças, mesmo que o espaço comporte confortavelmente mais de 40; e mais: a obrigação de assumir, quando encaminhados, irmãos que podem ter de 0 a 17 anos, fugindo, como é o nosso caso, ao perfil que temos de recepção, que é de 2 a 9 anos.Agora, se assinássemos o protocolo de mudança, o que não fizemos, teríamos a obrigação de receber rapazes de até 17 anos, ou seja, quase homens para os dias atuais, mesmo tendo meninas, mocinhas com 13, 14 anos vivendo no abrigo.

Somos referências na ação séria, comprometida, aí estão o Juizado da Infância e Juventude e o Ministério Público para afirmarem ou não. Eles têm realizado um grande trabalho, mas o poder é político e geralmente cheio de teóricos que fogem à realidade da nossa experiência. Desistimos.