Apenas Teóricos.
(Coluna Opinião - Jornal A Tarde - 25/06/2014)
Estava com um grupo de amigos conversando sobre os lamentáveis episódios do xingamento à presidente da república quando dois dos presentes omeçaram a falar das tais elites brancas, burguesas. Ouvi tudo, mas, inevitáveis, vieram à minha mente as vidas daqueles meus amigos: um, morador em uma cobertura e outro, em uma excelente casa em condomínio fechado. Naturalmente, merecidas conquistas, frutos dos seus trabalhos e lutas. É tão interessante, no entanto, essas ideologias não têm qualquer lastro de prática. São teóricos sem ação, a rotular os outros de elite, burgueses.
Permita-me, leitor, antes que alguém também me rotule com o mesmo, registro orgulhoso que fui morador da Preguiça, lavador de carro na fonte dos padres, na Mauá, mas apostei na educação como forma de sair daquela situação. Hoje sou servidor federal, e fundei aos 17 anos, com amigos, a Cidade da Luz, que no ano passado fez mais de duzentos mil atendimentos sociais.
Assim, acredito que falo com certa propriedade. Por isto, quando vejo discursos rotulados, cheios de efeitos verbais e sociais, mas seus autores vivem paradoxalmente em outra direção, acho esquisito. Fazem uma definição estrutural da sociedade meramente descritiva, teórica, levantando ideais para os outros realizarem.
Ora, em uma sociedade verdadeiramente livre, democrática, cada um busca o que necessita, com princípios, como recompensa de suas investidas nos estudos, no trabalho. Vejo nesses discursos as propagandas empoeiradas do século XIX, em um conjunto de ideias e crenças destinadas a construir efeitos de verdade, mas que serviram a alguns como degraus para o poder e a dominação, em uma espécie de legitimação messiânica.
Percebo, em verdade, uma perigosa tentativa divisionista social, como forma de gerar lados, em uma nação que deve primar, em valorização, pela sua origem e formação, por um sentido de unidade, e "a cada um segundo as suas obras", sem se perder no egoísmo, gerando realmente na prática o possível de igualdade.
Permita-me, leitor, antes que alguém também me rotule com o mesmo, registro orgulhoso que fui morador da Preguiça, lavador de carro na fonte dos padres, na Mauá, mas apostei na educação como forma de sair daquela situação. Hoje sou servidor federal, e fundei aos 17 anos, com amigos, a Cidade da Luz, que no ano passado fez mais de duzentos mil atendimentos sociais.
Assim, acredito que falo com certa propriedade. Por isto, quando vejo discursos rotulados, cheios de efeitos verbais e sociais, mas seus autores vivem paradoxalmente em outra direção, acho esquisito. Fazem uma definição estrutural da sociedade meramente descritiva, teórica, levantando ideais para os outros realizarem.
Ora, em uma sociedade verdadeiramente livre, democrática, cada um busca o que necessita, com princípios, como recompensa de suas investidas nos estudos, no trabalho. Vejo nesses discursos as propagandas empoeiradas do século XIX, em um conjunto de ideias e crenças destinadas a construir efeitos de verdade, mas que serviram a alguns como degraus para o poder e a dominação, em uma espécie de legitimação messiânica.
Percebo, em verdade, uma perigosa tentativa divisionista social, como forma de gerar lados, em uma nação que deve primar, em valorização, pela sua origem e formação, por um sentido de unidade, e "a cada um segundo as suas obras", sem se perder no egoísmo, gerando realmente na prática o possível de igualdade.