quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Respeito sempre (Jornal A Tarde - Coluna Opinião)





José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz

medrado@cidadedaluz.com.br


José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadedaluz.com.br A Sepromi, pelo governo da Bahia, lançou oportuna campanha do Novembro Negro 2013, tendo como base a reafirmação de que intolerância religiosa é crime. Vejo-me em fotos e outdoors com amigos que lutamos, permanentemente, para que um dia essa realidade assuma as consciências de nossa gente, não como favor, mas um acerto de contas com a história insana que segregou, mutilou e ainda persegue as religiões de matriz africana.
 
Repercuto sempre o que minha amiga Makota Valdina (makota não é nome próprio e, sim, da sua atividade no terreiro), diz quando afirma que o Candomblé não precisa de tolerância, mas, sim, de respeito. Verdade. Guardo em mim um sentimento de que tolerância é tudo aquilo que não aceitamos, mas... suportamos. Não se trata disso e, sim, de aceitação civil de que todos somos iguais em direitos e deveres perante as leis de nosso país. Llogo, aceite ou não, você deve respeitar a diversidade, a pluralidade, inclusive em matéria de fé.
 
Entendo que cada um de nós tem em sua fé a expressão de busca de um sentido, encontro de um sentimento, dentro daquilo que necessita e espera encontrar para dar razão de ser a sua própria vida. A melhor religião será sempre a que lhe der respostas e conforto. Religião é escolha e não imposição.
 
A partir de 1549, o Brasil começa a receber seres humanos da África: eram reis, rainhas, príncipes que foram arrancados de suas terras, ao lado de pessoas comuns, e trazidos para terem donos. Nada era respeitado, nem mesmo as suas crenças, o culto aos seus deuses. A fim de não perderem o contato com a sua fé, criam o sincretismo religioso, associando as suas divindades a santos católicos, para evitar, assim, de serem também impedidos de seus louvores, o que não adiantava muito, pois eram de qualquer forma perseguidos por suas crenças e religiosidade, como são até hoje.
 
Há muito já passou da hora de se respeitar a fé dessa gente perseguida, "que descende de seres humanos que foram escravizados.", bem dito por makota Valdina.

J. MEDRADO ESCREVE NA QUARTA-FEIRA, QUINZENALMENTE   

Um comentário:

sandra marchesini disse...

A nossa divida social, moral, ética para com esses irmãos negros que foram retirados à força de suas casas, tradições, famílias, vendidos como mercadorias, aqueles que sobreviviam, é enorme. O livro Veias Abertas da América Latina relata de forma extraordinária esses crimes bárbaros cometidos em nome do lucro, com o aval da Igreja Católica, à época. Tudo o que se fizer para beneficiar os afro descendentes será pouco. Felizmente, e apesar de tudo, eles conseguiram manter e resgatar tradições como o candomblé, a comida, a capoeira, etc. Dignos de aplausos!!!!