domingo, 27 de janeiro de 2013

A tragédia de Santa Maria no RS

Preparei este texto para o jornal A Tarde, em razão da tragédia em Santa Maria, no RS, mas, em função de algumas solicitações, passo para análise de vocês:

TRAGÉDIAS

Na madrugada do último domingo, o Brasil se chocou com a ocorrência de mais de cem mortes no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, considerado o terceiro maior do mundo em casas de espetáculo. A partir daí, natural, que me surgissem as perguntas sobre as causas espirituais dessas mortes coletivas. O que poderia explicar? Infelizmente, criou-se no movimento espírita nacional um fatalismo às avessas, onde tudo se explica por um tal não foi “por acaso”, ressoando em explicações cármicas, em uma espécie de expiação de culpas passadas, de uma única vez. As obras de Allan Kardec são, em verdade, a real referência que se deve ter acerca do que prega a doutrina, tudo o mais, por excelentes que sejam os seus canais receptores, são complementos que precisam ser confrontados com o que está no que nós espíritas chamados de codificação (Os livros lançados por Kardec).
O Espiritismo se propõe a ser uma religião calcada em uma fé raciocinada, mas, infelizmente, muitos companheiros pregadores, difusores da doutrina se esquecem desse essencial aspecto e enveredam pelo reducionismo de conceitos pragmáticos, de concepções limitadas. O Livro dos Espíritos traz, no seu capítulo sobre Flagelos Destruidores, das perguntas 737 a 741, explicações que poderiam se aproximar a essas mortes resultadas de grandes tragédias, não, necessariamente, em casos como o em análise. Interessante observar que nessas perguntas não se diz nada a respeito da reunião que não foi por acaso e coisas e tais. Chama-me, em particular, a atenção o que lemos na resposta 744 quanto ao “advento de uma melhor ordem de coisas” - o que vemos que de pronto acontece em novas práticas, e na 742 diz que: “ Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem.”. Ora, não resta dúvida alguma que foi o caso do que aconteceu no Rio Grande do Sul, pois a banda que se apresentava acendeu um sinalizador como parte do show, em ambiente totalmente inadequado para aquela exibição. Dizer, então, que não aconteceu por acaso, que aquelas pessoas que morreram seguiram o seu carma é reducionismo que apequena o livre arbítrio, ou institui o destino como algo pré-estabelecido, o que não é verdade. A irresponsabilidade humana aliada à negligência ceifaram aquelas vidas e, por isso, sim, os responsáveis criaram um carma negativo, pesado. É preciso que se pontue que, quando se fala que não foi por acaso, precisamos dizer que o regime da situação em que nos encontramos, o estado de sociedade e cultura a que estamos submetidos e participamos, aí, sim, gera o que nada é por acaso. Não é por acaso que uma bala perdida atinja um morador de uma comunidade violenta, o local propicia, em tese, a que isso aconteça. Dessa forma, o Brasil é um país de jeitinhos, o que não se pode descartar que não estamos livres de concessões, autorizações sem critério ou sem fiscalização devida, aí é que está o que não é por acaso. Aqueles jovens não precisavam morrer como morreram.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Visita da Vice-Prefeita de Salvador à Cidade da Luz

Ontem recebi, na Cidade da Luz, a visita da Vice-Prefeita de Salvador, a prof. Célia Sacramento. Muito aplaudida, inclusive com o público de pé, Célia foi de grande gentileza com a Casa, falando da sua alegria, honra em estar ali, reafirmando, inclusive a precupação dela e do Prefeito com o terceiro setor. Não a conhecia pessoalmente, apesar dela ter dito que já tinha ido na Casa. Fiquei impressionado com os compromissos da Vice-Prefeita, gostei mesmo de suas posições.
 

Mãe Stella acadêmica - Jornal A Tarde (Coluna Opinião)

José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadedaluz.com.br

Na última segunda-feira, o Brasil registrou o seu Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em lei proposta pelo deputado federal Daniel Almeida, lembrando a queda de Mãe Gilda com o dissabor que teve em ver a sua imagem com uma tarja preta nos olhos, sendo chamada de charlatã e macumbeira por um jornal evangélico. Essa reverberação nasceu da iniciativa da então vereadora Olívia Santana, que, incansável no tema, sempre buscou fazer chegar esta discussão à sociedade baiana, tendo, naturalmente, na filha de mãe Gilda, Mãe Jaciara, outra incansável neste processo. Vemos, agora, uma grande oportunidade de a Bahia mostrar ao resto do Brasil que aqui se tenta conciliar as diferenças, principalmente no campo religioso, com a eleição e posse de Mãe Stella de Oxóssi, na Academia de Letras da Bahia. Autora de inúmeros livros, ensaios e artigos com grande repercussão, tendo, ainda, entre outros títulos o de Doutor Honoris Causa da Universidade da Bahia, a sacerdotisa reúne peso de cultura e de representatividade social para bem se emparelhar com os letrados que ali têm assento.
 
A oportunidade se fez pela infelicidade de uma inestimável perda, a do professor, historiador, escritor e acadêmico Ubiratan Castro. Não guardo dúvidas de que o mestre Ubiratan, que foi presidente do Conselho para o Desenvolvimento das Comunidades Negras de Salvador, apoiaria e pediria votos para a sacerdotisa do Ilê Axé Opô Afonjá. Em verdade, eu creio que ele já esteja pedindo, esperando que os homens sensíveis da Academia de Letras da Bahia o ouçam.
 
Não tenho titubeio algum de que a eleição de Mãe Stella seria um marco social de repercussão nacional que daria destaque àquela Academia, cujo embrião vem desde as Academias dos Esquecidos e dos Renascidos do século XVIII, com grande sentido histórico para esta proposição. Em se tratando de reconhecimento, de ideal, a palavra de um dos sócios-fundadores da Academia, Ruy Barbosa, seria um pedido: “Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade”.
 
MEDRADO ESCREVE QUINZENALMENTE NA 4a.-FEIRA

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Intolerância Religiosa: pense e defenda!!

O dia 21 de janeiro foi oficializado como Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A então vereadora Olívia Santana iniciou o marco, propondo a lei municipal, em razão de uma foto que foi  publicada na revista Veja, em 1999, ter sido utilizada, no ano de 1992, pelo Jornal Folha Universal para macular a imagem da mãe de santo Mãe Gilda. A foto presente na Folha Universal mostrava a imagem de Mãe Gilda com uma tarja preta nos olhos e a frase: "Macumbeiros charlatões lesam bolso e vida de cliente”. Pouco tempo após o ocorrido, no ano 2000, Mãe Gilda faleceu. A sua filha, Mãe Jaciara, enceta uma grande luta para fazer justiça contra a Igreja responsável pelo episódio, ganhando em todas as instâncias com muita luta e dificuldades. Não podemos fechar os olhos a este fato, dizendo que não é da nossa reunião, pois a história mostra que toda e qualquer onda fascista começa aparentemente longe de nosso quintal e, quando acordamos, já invadiu a nossa casa. Precisamos aprender a defender os valores de liberdade por puro e simples ideal de respeito à cidadania. Respeito é a palavra de ordem para tudo que seja do direito do outro exercer, dentro dos princípios constitucionais e legais do nosso país. 

sábado, 5 de janeiro de 2013