Faz alguns anos que a minha amiga Nilza Barude promoveu um desfile de moda, em um grande hotel aqui em Salvador, com show de Guilherme Arantes em benefício da Cidade da Luz; foi um evento muito bonito. Após o desfile, D. Regina Simões, levada que fora pela também minha amiga Verinha Lued, foi até a mim parabenizar pelo evento e pela obra que fundamos e dirigimos. Até aí, nada de excepcional, realmente, se não fosse o conselho inusitado que a elegante e séria senhora me dera: “Quero parabenizar o senhor pelo bonito trabalho que desenvolve. Continue alimentando, educando e vestindo os seus meninos, mas não esqueça de desenvolver neles uma compreensão cidadã, inclusive de direitos e deveres”. Nunca, pessoa alguma tinha me feito essa ressalva, razão da fixação indelével do conselho.
É muito pouco comum, concordemos, que uma filantropa parta do princípio de que além da manutenção em si de assistidos, possam eles desenvolver um processo crítico, uma postura de responsabilidade diante do outro, do social, de forma comprometida inclusive com os seus direitos. Geralmente, fixa-se no natural processo de educação para uma boa e harmoniosa convivência com o outro. D. Regina, no entanto, retocou o ideal a que estamos comprometidos, os que educamos crianças, a um compromisso de vida em sociedade.
Dessa forma, quando li aqui em A TARDE as manifestações de seus amigos acerca da sua preocupação com os ideais democráticos, consequentemente de cidadania, pude me lembrar e bem entender as suas considerações acerca de direitos e deveres na formação de órfãos.
É fácil nos dias que correm a pauta em tema dessa natureza, porém, partindo de uma senhora de grande tradição católica, evidenciar a um espírita essa preocupação, em um momento de descontração e alegria, é realmente de se registrar que ali estava mais que uma presidente do maior jornal do Norte e Nordeste do País, estava uma dama que circulava pelos corredores do poder, dos requintados hotéis, mas de uma apurada visão de base, de entendimento de como se constrói uma verdadeira sociedade.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz
Um comentário:
Preocupa-me muito, a educação de hoje, muito mais, mas muito mais do que a de “ontem”. Vejo um processo de transição, de mudanças, troca e ao mesmo tempo resgate de valores e perdas também. Penso no “saldo final de tudo isso”. Positivo ou negativo? Já que dependemos de um todo. E nos dias de hoje procuramos tantos nossos direitos e não nos damos conta que, cumprindo nossos deveres como consequência virá nossos direitos. O que somos hoje é produto da educação que recebemos de nossa família, professores e sociedade da época. Daqui a vinte anos teremos exatamente a sociedade que formamos, moldamos e educamos. Creio que não podemos falhar.
Beijo no coração Medrado!
NEIDE PS
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