quarta-feira, 18 de abril de 2012

Só queria entender - Jornal A Tarde (Coluna Opinião)

Desde os meus tempos de aluno do antigo ginásio, eu ouvia falar na tal indústria da seca. O termo começou a ser usado possivelmente na década de 60, pelo jornalista Antonio Callado, que já denunciava, àquela época, os problemas sociais no chamado polígono da seca. E, pelo que tudo indica, as coisas não mudaram o suficiente para se evitar tanta dor.

Venho a esse tema, pois, no domingo, em excelente matéria aqui em A Tarde, vimos a penúria, a dor, o possível abandono que esta gente, conterrânea nossa, passa, vive, onde a fé e a esperança se transformam em sentimentos que lixiviam suas almas tórridas pela luta sem trégua. Queria, no entanto, entender, posto que efetivamente a seca é um fenômeno natural periódico que poderia ser contornado com um monitoramento do regime de chuvas, principalmente nos dias atuais em que os sistemas meteorológicos são tão precisos, mas por que não se tentou prevenir essa miséria, com ações contundentes? Agora, serão dadas cestas básicas.

Vemos que países como os Estados Unidos cultivam áreas imensas com grande êxito, como na Califórnia, onde chove sete vezes menos do que no tal polígono da seca. A situação em Israel ainda é pior que a nossa; para se ter uma ideia, o índice médio de chuva por lá é de 600 milímetros por ano, sendo que na região sul, onde está o deserto de Negev, esse índice não chega a 30 milímetros/ano; no semiárido brasileiro, o índice é de 800 milímetros anuais. Imaginei que pudessem ser questões financeiras, mas a transposição do rio S. Francisco, ainda que controvertida, evidencia que dinheiro não é problema, pois a obra, cujo prazo inicial para ficar pronta já se escoou com aumento de 3,4 bilhões de reais - ou 71% - em seus custos em relação à previsão inicial, segundo a mais recente estimativa feita pelo Ministério da Integração Nacional. Desde o início do governo Dilma Rousseff, o custo total da obra pulou de 4,8 bilhões de reais para 8,2 bilhões de reais. O ex-presidente Lula previa inaugurar a obra em 2010, registrou uma revista semanal. Só queria entender tudo isso!

José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz

Um comentário:

NEIDE PS disse...

É vergonhoso mesmo Medrado, num país considerado futuro dono do "Monopólio da Água Potável". Mas é sempre a ambição humana falando mais alto, ganhando-se votos, cargos elevados e muito... Mas muito dinheiro com a desgraça alheia. Tenho minhas dúvidas quando ouço dizer que acabaremos sem água, já que existe tanta tecnologia pra se adquirir a mesma. Em alguns países usa-se a dessalinização da água, reaproveitamento da água em estações de tratamentos de esgoto altamente equipada, ao ponto de conseguiram reutilizá-la como água potável novamente (faz tempo que li este artigo, eu fiquei encantada, estava na universidade na época e levei pro meu Professor de Educação Ambiental). O nosso país, segundo um artigo da “Super Interessante” alguns anos atrás, descobriram aquíferos de água potável na região sul do país, que dá pra abastecer o Planeta. Então creio que, nossos governantes tornarão a água um grande negócio comercial, não por escassez e sim por ambição ao dinheiro e poder.

BEIJO NO CORAÇÃO!
NEIDE PS