Ninguém haverá de contestar que vivemos, nos últimos dias, um clima de medo sem precedentes na história de nossa Cidade. Acompanhei com apreensão e lamento cada relato que chegava atribuído aos policiais amotinados, expressões de vandalismo e desordem. Em primeiro momento, realmente, relutei em aceitar que, de fato, eram eles, os militares, em ações de terror, de forma que até fui criticado por ouvintes meus da Metrópole. Talvez a relutância tenha surgido pelo laço afetivo e fraternal que guardo com a Polícia Militar, onde fiz todo o meu ensino fundamental e médio, e voltei, após a faculdade, para ensinar em sua academia. Sei, portanto, de dentro, que o ideal da tropa é de cidadania, respeito e defesa da sociedade. Tenho amigos de infância em cargo de comando de batalhões, o próprio comandante da PM foi meu contemporâneo no CPM, e são pessoas comprometidas com a tropa e a sociedade, mas, o que vimos, infelizmente, põe em xeque o sentido de unanimidade e a indispensável necessidade de o poder público se organizar o quanto antes, para erradicar este tipo de agentes do medo, para o restabelecimento da confiança.
A melhoria salarial, as condições de trabalho também ninguém colocará dúvidas da necessidade de se lutar para tanto, mas sem os recursos com os quais se combate.
Um amigo meu postou no blog Segurança em Foco, de seu irmão, o seguinte depoimento: “Sou, Roberto Brandão, Procurador do Estado. Sou da PM e participei ativamente dos movimentos de 1981 e fui o autor intelectual do movimento de 1991. A greve sempre foi e será um instrumento de pressão para buscar conquistas que os governos não enxergam. A PM, escudo da sociedade (...) sempre foi tratada com desdém pelos governantes que não enxergam o seu importante papel. Mas daí a se assemelharem a marginais, espalhando o terror e praticando ameaças com armas em punho (...).” Naturalmente que ocorreram algumas manifestações contra as suas considerações, fazendo-nos entender que ainda há soldados confiando que estão agindo corretamente. Isso é um problema que remanescerá e precisará de grande atenção do Estado.
José Medrado
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