quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ludíbrios com a Bíblia - Jornal A Tarde (Coluna Religião)

A conveniência religiosa continua segregando informações, de um modo geral, aos seus seguidores, apostando na ignorância dos que não buscam conferir as informações recebidas.

Vemos segmentos religiosos bradarem: a palavra de Deus; cumprimos a palavra de Deus; seguimos a Bíblia. Mas a verdade o que se vê são pessoas tomando como palavra de Deus apenas o que lhes é oferecido. Vemos capítulos e versículos decorados, mas apenas naquilo que o pregador ofereceu e quis.

Não existe um estudo crítico, racional, situando o momento histórico em que os livros foram escritos, principalmente do Antigo Testamento. Busca-se pinçar o que serve aos caprichos das suas convenientes pregações. Vejamos, por exemplo:

Nós os espíritas estamos sempre ouvindo esta gente vociferar que em Deuteronômio, 18-11, afirma que não se consulte os mortos. É verdade, lá diz isso. Porém, deveriam se perguntar o porquê. Foi necessário, naquele tempo, Moisés fazer isso para conter a mistificação, o abuso. O povo precisava de rédeas firmes para manter o monoteísmo, para evitar especulações quanto à chegada à terra prometida...

Interessante, no entanto, que a leitura não segue adiante, pois, se seguisse, se viria no mesmo Deuteronômio, 21, 18-21, ipisis litteris: “Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedece à voz de seu pai e à de sua mãe, e, ainda castigado, não lhes dá ouvidos, pegarão nele seu pai e sua mãe e o levarão aos anciãos da cidade, à sua porta e lhes dirão: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é dissoluto e beberrão. Então todos os homens da sua cidade apedrejarão, até que morra; assim eliminarás o mal do meio de ti: todo o Israel ouvirá e temerá”.

Graças a Deus, eu não vejo nenhum pregador religioso batendo na tecla dessa necessidade. E olhe que muitas Igrejas têm um tal conselho dos anciãos. Claro que não poderiam pregar isto, pois foi um momento, uma cultura.

Ainda voltando ao contato com os mortos, Jesus deve ser repreendido por estes pregadores, pois em Mateus, 9-4, diz: ”E apareceu-lhes (aos apóstolos) Elias com Moisés e falaram com Jesus.”. Ora, poderia se alegar que eles ressuscitaram, mas quem ressuscita volta, não aparece. Espíritos aparecem. Além do mais só houve este registro desta aparição, logo não há que se cogitar de ressurreição, pois, se assim fosse, os profetas permaneceriam com Jesus, o que não ocorreu. E aí: Jesus conversou com os mortos?!

Não quero desqualificar a Bíblia, mas mostrar que não se pode tomar ao pé da letra um livro escrito há centenas de anos, onde muitas coisas foram implantadas, outras mudadas. Claro! Perde-se muito com as cópias feitas manualmente, com traduções...
Agora, cuidado, está em Levítico 20-10: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera.” Será que cabe aqui o adulterar por pensamento ou pela internet?

José Medrado / médium, fundador e presidente da Cidade da Luz

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mais uma pérola de Frei Carlos


Mais uma pérola de Frei Carlos, referindo-se à gentileza:

"A gentileza evidencia o eco de um cântico de uma alma em paz, enquanto a grosseria evidencia o estrondo de uma alma em perturbação"

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O que diz Frei Carlos Murion sobre o "Ressentimento"

Comentário de Frei Carlos Murion, um dos mentores espirituais da nossa Instituição, sobre o Ressentimento:

"O ressentimento é uma âncora que o impede de ir a outros mares, contemplar a beleza de ser livre, pois o ressentido é um preso do passado, que não vive mais no presente, nem as expectativas venturosas do futuro."

Descompromisso com a cidadania - Jornal A Tarde (Coluna Opinião)

A revista The Economist divulgou, no final do ano passado, o Índice de Democracia, apontando que o Brasil possui um ótimo desempenho no que diz respeito ao processo eleitoral e pluralismo (9,58 sobre 10) e em termos de liberdades civis (9,12). No quesito funcionamento do governo, a avaliação cai para 7,50. Ainda mais problemática é a situação da participação política (5,00) e da cultura política (4,38) no País.


O que, no entanto, entristece é o baixíssimo nível de cultura política; a insatisfação da população nas instituições que deveriam ser representativas da sociedade são relegadas à indiferença quase absoluta, pois o povo se “cansou de tentar”. Surge, então, aí o chamado tiro no pé, pois se, efetivamente, queremos eco das nossas buscas e reivindicações não poderíamos largar nas mãos dos pretensos donos do poder as nossas aspirações, a fim de que eles não as sufocassem. O descompromisso do povo brasileiro com o que é público estimula o desatrelamento das ideologias ao bem comum, estipulando, assim, a firmação de ditaduras de segmentos ou mesmo de partidos. O povo precisa desenvolver o ímpeto de se apropriar do que de fato é seu, em uma revolução de conceitos e atitudes que levaria a uma apropriação real da sociedade aos seus valores de cidadania.


Vemos, por todos os lados, os direitos sendo tratados como favor, e o receio do melindre gerar cuidados para não ofender a quem teria o dever de ratificar o direito. É o que tem acontecido, por exemplo, com os tais programas de milhagens das companhias aéreas. Nunca se consegue adquirir novas passagens com elas, mesmo com grande antecedência, pois as companhias fazem o que querem e nada, nem ninguém busca a defesa do consumidor, principalmente ele próprio. Os desrespeitos vêm de todos os lados e as buscas judiciais por reparações são sempre irrisórias, pois essas empresas nem se sentem arranhadas pelas multas que recebem. É lamentável que a Justiça brasileira seja avessa à figura dos danos punitivos, comum nos Estados Unidos, que serve justamente pra desincentivar a repetição de conduta lesiva, reprovável por meio de condenações milionárias.

José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz