quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cresci ouvindo dizer que o povo brasileiro era o povo mais generoso do mundo, mas também ouvia que os patrícios são capazes de dar cinco reais para o adiante não ganhar dez, ou coisa semelhante. Há pouco, no entanto, a desilusão se estabeleceu realmente em mim. Todavia, fato é que só se desilude quem esteve iludido e, realmente, estive quanto à índole do nosso povo.

No final do ano passado, em questionários realizados em 153 países pelo instituto de pesquisas Gallup e pela ONG internacional Charities Aid Foundation, que criou o World Giving Index (Índice da Generosidade Mundial, em tradução livre), nós, os brasileiros, ficamos lá embaixo, em 76º lugar em um novo ranking internacional de generosidade, que avaliou o grau de envolvimento da população em ações de caridade. Os entrevistados responderam a perguntas sobre doações para entidades beneficentes, tempo gasto em trabalho voluntário e ajuda a estranhos.

O Brasil ficou, e muito, atrás de países tidos como frios e imperialistas, como Suíça e Estados Unidos, que empataram no 5º lugar. Na América Latina, o Brasil aparece atrás de outros 15 países no ranking da generosidade, empatado com Argentina e Nicarágua. Em julho deste ano, a GfK Custom Research Brasil, que é a quarta maior empresa de pesquisa de mercado do mundo, também chegou à mesma conclusão, com índices em percentuais. A média de generosidade brasileira é menor que a européia.

Infelizmente, quando começamos a avaliar o nosso entorno, aí, sim, de fato, concluímos que o provo brasileiro está se tornando cada vez mais individualista e egoísta. Fato perfeitamente constatado em um simples andar pelas nossas cidades, onde as pessoas fazem das vias públicas uma extensão de suas casas, permitindo-se tudo, e que se danem os outros. Ainda bem que o índice pesquisado foi o de generosidade, pois se fosse o de educação, ficaríamos, sem dúvida alguma, na rabeira da classificação.

Pois é, os que não somos assim não nos perturbemos, e os que são repensem seus conceitos a partir dos valores do que de fato seja cidadania.

José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz

2 comentários:

NEIDE PS disse...

É... Dá pra sentir vergonha, né?!... Pensei. É claro, nos meus alunos. Hoje mesmo fiz um discurso a eles procurando atingi-los no fundo mais fundo possível imaginável. Quase disse a mim mesmo “Cale a boca pelo amor de Deus”. Principalmente quando percebi alguns bocejando. Fiz um drama... Mais um pouco, teria chorado... (um teatro). Mostrando o quanto estava indignada. (eles voltaram correndo após o recreio empurrando uns aos outros, segundo eles, era brincadeira)
Adotamos quase toda sexta-feira, por conta própria uma aula para discutir, estudar, aprender valores. Tenho atingido alguns, às vezes até mais do que esperava. Mas. vejo a família como necessária nesta modificação e melhora (no meu caso, as crianças/alunos).
Como sempre professor (a) é cheio de histórias. Eu me lembro de um aluno meu (9 anos) falei tanto sobre meio ambiente e preservação. Lá foi ele, fez uma placa (imagine a situação...) colocou na beira do rio Baquirivu (um esgoto a céu aberto). Bem, ele contou todo feliz e no final, decepcionado disse: “no outro dia alguém arrancou a placa professora”. Mas ele conseguiu convencer o moço do mercadinho a não comprar produtos (latinhas de sprays que tivesse CFC).
Mas existem algumas atitudes que por mais que a escola faça, sem ajuda da família, fica bem difícil melhorar.
Medrado, pra mim é um trabalho de “hipnose” (às vezes funciona) RS! RS! RS! Precisa ser repetidas tantas vezes e de inumeras formas, a necessidade de ter determinadas atitudes e valores, até o “ser” ficar totalmente “zen”.

Cancer de Mama Mulher de Peito disse...

Muito verdadeiro o seu post.
E de pensar que temos um dos lixos mais ricos do mundo.
Muitos ficam em seu mundo confortável achando que para fazer caridade é necessário doar grandes somas em dinheiro. Sonham distante em ganhar uma grande quantia em um jogo de azar qualquer, porque em suas mentes egoístas essa é a única maneira de abrigar crianças, idosos, animais, ajudar em hospitais, em instituições diversas.
Mas, quem realmente quer fazer, não pensa grande, faz grande.
Faz a diferença, em sua casa, em seu bairro, em sua instituição.
É caridoso consigo próprio, se respeita, respeitando a individualidade do próximo mais próximo.
Para mudar o mundo, precisamos apenas de um único gesto.
Estender a nossa casa, além dos nossos portões.
Um grande abraço.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com