O governador da Bahia, Rui Costa, me convidou, ao lado de lideranças religiosas, de representantes da sociedade civil organizada, além do Comitê Executivo do Programa Pacto pela Vida, para discutirmos a segurança no estado. Vejo com grande simpatia esse interesse governamental, porém não posso me furtar, por um compromisso que trago de opinar, questionar, e até criticar, o que me chega de anseios individuais e de grupos, ainda que por isto se gerem incômodos e reações nada democráticas, por parte de alguns restritos gestores de visão apequenada, que, sensíveis a críticas, só querem elogios e aplausos. O que, pelo que me chega, não é o caso do governador.
Assim, essas discussões serão sempre oportunas e interessantes, quando se tratar de coleta de oitiva de quem está mais próximo do processo de violência e ou de suas consequências na comunidade. Nós, religiosos, por exemplo, somos convocados, não poucas vezes, a oferecer a nossa oitiva a mães e pais em desespero pela devastação de suas famílias por alguma forma de violência,
em depoimentos de dor, indignação e até revolta.
Combater a violência, penso, não é pelo enfrentamento com homens e armas, ainda que estes sejam importantes como fator psicológico de sinalização da presença do estado. A questão tem muitas desembocaduras. É importante, assim, que essas discussões gerem ações mais prontas, de mobilização da sociedade em sua base: os jovens. Diagnósticos são feitos, terapêuticas levantadas, mas caem na teorização acadêmica. Ações simples podem se tornar muito eficazes: efetiva movimentação nas escolas estaduais e municipais, por exemplo, para a sensibilização comas artes e esportes, mediante concursos, olimpíadas. Já se fala há muito, claro, que arte e esporte são culturas para paz, então! O que sinto é que ações práticas geralmente se esbarram na vontade política claudicante, pois, em verdade, já se sabe o necessário, só falta aplicar, ou pelo menos tenta, em ações acima de políticas pessoais.