quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Teorias da paz - Jornal A Tarde (Coluna Opinião)








José Medrado 
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz 
 medrado@cidadedaluz.com.br 

 É natural nestes dias que acontecem agora as religiões, inclusive a minha, fazerem manifestações em torno da paz. São eventos, caminhadas, palestras... tudo muito válido para a reflexão. No entanto, permita-me, eu me pergunto: e a distância entre os eventos e as práticas como se caminha? Passam realmente por ações ativas, realizáveis ou ficam apenas nas figuras de retórica, no politicamente correto? Será que estamos levando para os nossos centros, templos, igrejas a diversidade religiosa, por exemplo? O terreiro de candomblé Ilê Axé Ayrá Izô, em Brotas, recebeu ordem de despejo, pois os seus dirigentes não buscaram a convalidação legal de área a eles doada pelo falecido proprietário. Qual foi a iniciativa das comunidades religiosas? 

Há muito por se fazer no campo da harmonia entre as religiões. Há os que fazem, mas são poucos, de fato. Penso, inclusive, que já está na hora de acabar com o discurso do sincretismo religioso, em relação ao candomblé, lembrando que ele (o sincretismo) surgiu para driblar a intolerância religiosa dos senhores de ontem. Não há mais espaço para um Estado se jactanciar do seu sincretismo; é pregar superioridade, pois o candomblé é uma religião com a sua estrutura própria, e precisa ser reconhecido assim. 

Recentemente, encheu-me de orgulho o meu querido amigo de luta contra a intolerância religiosa, o pastor evangélico Djalma Torres, que recebeu da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no último dia 17, em Brasília, o Prêmio de Direitos Humanos 2012. O prêmio consiste na mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam ações de destaque na área dos Direitos Humanos. Foi em reconhecimento da sua luta a favor do ecumenismo e do diálogo interreligioso. Djalma tem feito acontecer, há mais de 30 anos, indo, recebendo amigos que granjeou no seu caminhar por todas as religiões. Uma referência, de fato. Destarte, que derrubemos os muros, mantenhamos as concepções pessoais, mas façamos o compromisso com os nossos ideais conciliatórios independentemente de datas.

J. MEDRADO ESCREVE QUINZENALMENTE NA 4a.-FEIRA

Um comentário:

NEIDE PS disse...

Existe mesmo Medrado, uma campanha ferrenha em favor da paz, porém as pessoas não ensaiam atitudes de tolerância no seu dia a dia. Eu costumo comparar a sala de aula a um laboratório, onde fazemos vários tipos de experiências, e dentro de um laboratório “experimental” até o que não dá certo não deixa de ter um resultado que nos leva a reflexão. Assim vejo a sala de aula. Tenho conversado muito com meus alunos do Ensino fundamental. Tenho ensinado, ensaiado dia a dia a ser tolerante, a conversar, refletir sobre as agressões de todos os tipos, não é uma tarefa fácil. Não depende só de mim. Mas percebo resultados positivos. A intolerância religiosa é fato marcante na sala de aula, acredite, e infelizmente começa dos próprios pais, que impõe suas crenças, verdades...Natural, eu sei. Se estas crenças não viessem carregadas de preconceitos, julgamentos sem conhecimento algum. Me cansa, juro...! Só de pensar. É aí que eu entro, é aí que preciso procurar palavras e formas inexistentes de expor o assunto, sem ofender, mostrar a necessidade de conhecer, refletir antes de julgar... Enfim...! Aceitar sem julgar e muito menos condenar.
O bom é que percebi bons resultados, ainda tímidos, através de algumas redes sociais, o “face”, por exemplo, tem sido uma forma de interagir com estes pais e alunos. Alguns pais, modificaram ou estão modificando seus pensamentos, os alunos também... Isso tem refletido no meu trabalho em sala da aula. É um trabalho de formiguinha. As vezes a gente adoece, literalmente falando, mas é um feito e sensação de "consegui" rs rs rs !!!
Com este artigo você me chamou à atenção! Mais uma vez! Estamos só na campanha, precisamos partir para a prática, temos que ensaiar atitudes de como viver em paz.

Beijos no coração!
NEIDE PS