O Brasil necessita deixar de ser conceituado pela miopia ufanista de propagandas governistas que insistem em colocar o nosso País como se fosse a oitava maravilha do mundo. Difundem-se, inegavelmente, conquistas sociais de grande relevância à tentativa de diminuição desta zona abissal que separa as estratificações sociais existentes por aqui. É preciso, no entanto, não deixarmos de focar que uma nação não se faz de marketing institucional, que busca apenas realçar o que, a priori, deve ser uma obrigação inalienável de seus governantes: crescimento econômico.
A visão que se tem do Brasil no exterior longe está de ser a de um País comprometido com os valores da decência cidadã. Ainda recentemente, quando estive, a convite, no Arthur Findlay College, na Inglaterra, considerada a maior instituição de formação de médiuns do mundo, o que se tinha como corrente era que o Brasil ainda é um país de total desatenção a princípios de ética, de respeito ao dinheiro público e de uma corrupção endêmica. Naturalmente que, como brasileiro, em debates que tinham como fundo a vivência religiosa em minha terra, fiquei em desconforto, pois da nossa família falamos nós, não os outros. Não poderia, entretanto, achar infundadas as considerações, posto que verdadeiras.
Ainda que saibamos teoricamente, tive, no entanto, recentemente, a concretização dessa visão global do nosso País, ao assistir a um filme americano, em um desses canais fechados: Velozes e Furiosos V, Conexão Rio, todo rodado em terras cariocas, que descreve uma polícia totalmente comprada e corrupta, a ponto de em determinada cena uma policial – atriz americana, claro – ser chamada a incorporar a uma equipe de policiais da terra de tio Sam porque era a única não corrupta no Estado. E mais: a grande fortuna de um bandido era toda ela guardada, protegida, conscientemente, dentro de um quartel militar do Rio de Janeiro com total proteção oficial. Pois é, assim que eles nos veem: uns pobretões que estamos melhorando economicamente, mas que continuamos com cachaça, carnaval, futebol e bandidagem.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz