quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Orfanatos existem - Jornal A Tarde (coluna Opinião)

Em momento em que a cidade de Salvador revitaliza a sua esperança com a eleição de um novo prefeito; quando as mazelas de nossa cidade são enumeradas, levando naturalmente o novo alcaide a fazer a sua lista de prioridade, espero que os abrigos não sejam esquecidos, uma vez que não ouvi nada deles ser falado por ninguém. Talvez haja confusão, depois que houve a substituição da palavra orfanato por abrigo e, hoje, por casa de acolhimento. Há sempre uma incompreensão quanto ao que sejam as indispensáveis creches e o que seja um abrigo. O certo, no entanto, é que não vi proposta alguma direcionada aos abrigos, considerando, inclusive, que Salvador não tem abrigo algum na sua rede pública, pois todos estão sob a direção de ONGs e instituições filantrópicas.
 
Fala-se muito de creche, com propriedade e real necessidade, mas o poder público não pode se esquecer que os abrigos são os grandes responsáveis por terem caráter de moradia, na busca de reinserção familiar de crianças e adolescentes em situação de risco social ou abandonadas. É uma rede que sente na pele o desespero do descaso de quem deveria tratar com todo o carinho e deferência, pois se houver uma insatisfação a ponto desses postos de auxílio resolverem fechar as suas portas, a prefeitura porá a mão na cabeça, porque não tem para onde encaminhar criança alguma, em regime de abrigamento, internato.
 
O próprio Ministério Público está sendo desrespeitado, quando, há oito anos, fez um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta com a prefeitura, fazendo-a se comprometer a reajustes anuais da renda percapita passada aos abrigos, o que, claro, nunca foi cumprido.
 
A vergonha guarda os seguintes percentuais: do estabelecido como renda para a sustento de uma criança abrigada, acordou-se que a prefeitura e o Estado ficariam cada um com 20% dos custos, logo 40%, e as instituições com 60%. Pois é, essas instituições fazem o que é da obrigação dos poderes constituídos e se sobrecarregam com o maior custo. Toda a rede de abrigo, dessa forma, espera uma atenção mais carinhosa e ativa do novo prefeito eleito de Salvador.

José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz

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