quarta-feira, 26 de agosto de 2009

É UM GANHA E PERDE, MAS...VAMOS QUE VAMOS

Uma vitória e uma derrota
Os que lutamos contra a intolerância religiosa, e o devido respeito que todas as religiões merecem, uma vez que estamos em um país laico, sem religião oficial, vivenciamos na semana passada uma vitória e uma derrota. Mas começamos a vislumbrar a mudança no Brasil, na busca de fato e de direito de uma democracia, que vai se fundamentando na igualdade de todos, perante a Lei. A vitória: na última terça-feira, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça ratificou a sua decisão de condenação da Igreja Universal do Reino de Deus a pagar aos herdeiros de Mãe Gilda, que morreu de infarto após ver sua foto na capa do jornal da igreja, com uma tarja nos olhos, sendo chamada de macumbeira e charlatã, indenização e publicação da sentença na primeira capa do jornal. A decisão não cabe mais recurso. Alguns se frustraram, pois a indenização pleiteada não foi a conquistada, porém a decisão é histórica em si, pois retrata o valor sem quilate fiduciário, uma vez que gera precedente e jurisprudência, fazendo com que os que não sabendo vivenciar o respeito à diversidade, à tolerância religiosa pelos pressupostos da democracia que estamos, sejam levados a temer o braço da justiça. Parabéns a mãe Jaciara pelo seu denodo e luta. Parabéns ao Judiciário brasileiro que começa a se emancipar completamente.A derrota: infelizmente, a juíza da 3ª Vara Cível Federal de São Paulo, Maria Lúcia Lencastre Ursaia, determinou que os símbolos religiosos (crucifixos, imagens, entre outros) poderão permanecer nos órgãos públicos. A decisão liminar da juíza indeferiu o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para a retirada dos símbolos dos prédios públicos. A ação teve início com a representação de um cidadão, que teria se sentido ofendido com a presença de um crucifixo num órgão público. No pedido feito dia 31 de julho, o MPF entendeu que a foto do crucifixo apresentada pelo autor desrespeitava o princípio da laicidade do Estado, da liberdade de crença, da isonomia, bem como ao princípio da impessoalidade da administração pública e imparcialidade do Poder Judiciário. Porém, a juíza entendeu que não ocorreram ofensas à liberdade de escolha de religião, de adesão ou não a qualquer seita religiosa nem à liberdade de culto e de organização religiosa, pois são garantias previstas na Constituição; para a magistrada, o Estado laico não deve ser entendido como uma instituição antireligiosa ou anticlerical. Ora, ora, permissa vênia, mas que equívoco de entendimento! Sou cristão e servidor público federal, mas fico a me perguntar se, no salão principal da minha repartição, terei a permissão de colocar a figura de um orixá ou a fotografia, por exemplo, do espírito Dr. Bezerra de Menezes, um dos mentores da nossa instituição? Será que eu conseguiria? Será que os mulçumanos poderiam colocar uma pintura representativa de Maomé ou do Corão? É óbvio que não, logo a questão não é de ser anti nada, mas a favor do todo, até dos ateus.José Medrado é fundador e presidente da Cidade da Luz.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DIGA-ME, ESTOU ERRADO?

Disse Paulo, o apóstolo dos gentios, em Rm 12.3: “Ninguém tenha em si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu”. É impressionante como os que se arvoram no patamar de “espíritos superiores”, “defensores dos princípios doutrinários”, “reguladores do certo e do errado” são sempre os que defenestram de suas almas os princípios cristãos da conduta e do comportamento. Vivenciam a sua “fé” como instrumento de vazão de sua presunção e arrogância, tentam afivelar máscaras de santarrões, mas não passam de hipócritas que, no teatro grego, eram os atores que representavam sem nunca tomar decisões sobre o texto; seus talentos estavam em convencer a plateia de que eles não eram eles mesmos, mas, sim, aqueles personagens ali no palco. Milênios se passaram e não surgiu palavra melhor para definir muitos religiosos, que continuam tão dissimulados quanto seus ancestrais do teatro, afinal de contas, permanecem vivendo e fazendo o seu teatro, mas com textos agregados da filosofia dos eufemistas e falaciosos. É muito interessante, por exemplo, como criticam a Cidade da Luz, porque lá passamos a “sacolinha”, onde os presentes contribuem com o que quiserem, sem estipulação de valores, e a não contribuição não vira empecilho para não participarem da reunião, como sempre se fez nas igrejas católicas; nas evangélicas, o valor é estipulado e se cria a compulsoriedade do dízimo. Pois bem, eu agora questiono: os tais seminários, workshopings onde os participantes são obrigados a pagar uma entrada e têm com isso um crachá de acesso, caso contrário não entram, é melhor que a minha sacolinha? Hipócritas! Na Cidade da Luz, ninguém fica sem entrar para a reunião sem a colaboração e, nesses eventos, há “guardas” na porta que não deixam de forma alguma a pessoa entrar sem ter pago. Os eufemistas de plantão dirão: É diferente, pois no seminário vai quem quer. No Centro, não? Ah! Mas é para cobrir os gastos. No Centro, não? A verdade é que muitos querem fazer, mas temem, acovardam-se, pois as dificuldades que os Centros passam são imensas, e cada dirigente é que sabe o que precisa fazer para enfrentar suas despesas. De jeito algum discordo que tais seminários sejam cobrados, mas, impedir acesso e dizer que é diferente da sacolinha da Cidade da Luz, façam-me o favor, é mais que hipocrisia, é querer convencer que a Luz é quadrada. A verdade é que ninguém fica na beira-da-estrada jogando pedra em árvore de eucalipto, não tem fruto. A decência não se mede por práticas exteriores, mas sim por conduta moral, por histórico de vida e verdade na vivência de sua fé. As pessoas se encontram mais descrentes, pois os que se arvoram em “representantes” de forças superiores, enviados divinos agem como esguias serpentes, rastejantes e sinuosas, deslocando de acordo com os seus interesses e conveniências, mas sempre a postos, quando for para dar o bote. Tudo com muita artimanha e dissimulação, mas há os que as percebem.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

EU CONCORDO E VOCÊ?

PROCURADORIA QUER VETAR SÍMBOLOS RELIGIOSOS

Reprovada pela Igreja Católica, a ação do Ministério Público Federal de São Paulo pedindo a retirada de símbolos religiosos de repartições públicas federais no estado encontra defensores entre evangélicos e igrejas cristãs históricas. No final de julho, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo ajuizou ação civil pública pedindo à Justiça que obrigue a União a retirar símbolos religiosos, como crucifixos e bíblias, de áreas públicas de órgãos federais. O argumento é o de que os objetos ofendem a liberdade de crença e sua permanência fere o princípio do estado laico. A decisão caberá à juíza Maria Lúcia Lencastre, da 3ª Vara Federal, que irá ouvir a União antes de tomar uma decisão. A ação da Procuradoria teve origem com uma representação do grupo Brasil para Todos, que defende a laicidade do estado e a impessoalidade da administração pública

terça-feira, 4 de agosto de 2009

É JUSTO?

O Tribunal de Justiça do Rio concedeu liberdade provisória ao pastor evangélico Tupirani da Hora Lores, 43 anos, e ao estudante Afonso Henrique Alves Lobato, 26. Os dois foram os primeiros presos no País pelo crime de intolerância religiosa. A dupla é acusada de postar na Internet vídeos e textos que incentivam a violência contra seguidores de outras religiões.
Em março, Afonso Henrique divulgou na Internet um vídeo com ofensas aos seguidores da umbanda e candomblé. Num dos trechos do vídeo, Afonso Henrique chega a dizer que todo pai-de-santo é homossexual. Eles vão responder em liberdade ao processo criminal que corre na Justiça.
Os dois foram denunciados à polícia pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, formada por representantes de diversas religiões, com apoio do Ministério Público, Tribunal de Justiça e Polícia Civil. Em 2008, Afonso participou de ataque ao templo espírita Cruz de Oxalá, no Catete.
Respondeu a processo e foi condenado a pagar cestas básicas. Se condenados, podem pegar de 2 a 5 anos. O crime é inafiançável e imprescritível.